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Críticas

Crítica: Hebe - A Estrela do Brasil


Ela foi considera por muitos anos como a Rainha da Televisão Brasileira, tendo começado a sua carreira no rádio, mas também passando por trabalhos como atriz e cantora. Em mais de 60 anos de carreira, Hebe Camargo tornou-se conhecida por ter entrevistado diversas celebridades tanto nacionais quanto internacionais, além do seu estilo um tanto quanto provocativo e irreverente. Já está em cartaz em todos os cinemas nacionais, Hebe – A Estrela do Amanhã é uma singela homenagem a essa grande dama.


A história se passa entre meados dos anos 1980 e 1990, período de redemocratização na política e de profunda crise econômica no país. À época, Hebe travava embates com Walter Clark (Danilo Grangheia), executivo da TV Bandeirantes, em defesa da independência de seu programa de auditório que era exibido ao vivo. Hebe Camargo se valia da grande audiência e do seu público fiel, que a admirava por estabelecer uma relação próxima e amigável. A apresentadora fazia questão de transformar o cenário do seu programa de televisão em uma espécie de extensão da sua própria sala de estar. Espontaneidade e alegria não podiam faltar nas conversas com os convidados. Por isso, a exibição precisava ser ao vivo. De outro jeito, não funcionava para ela.


Depois de desafiar a censura – que em tese já havia sido extinta no Brasil pós-ditadura, a apresentadora deixou a emissora de Walter Clark e fechou contrato com o empresário e apresentador Sílvio Santos (Daniel Boaventura) para iniciar um novo programa no SBT. O recomeço, no entanto, também veio acompanhado de polêmicas. Hebe usou a televisão para fazer duras críticas a políticos da época e chegou a ser processada.


Podemos dizer que esse é o trabalho mais ousado do diretor Maurício Farias, afinal todos os trabalhos anteriores dele haviam sido em longas-metragens de comédia, como A Grande Família: O Filme e os dois filmes de Vai que dá Certo. Aqui a receita dá muito certo, pois o diretor equilibra o drama e a comédia, além da parceria muito bem sucedida com a roteirista Carolina Kotscho, que foi responsável pelo arrasa quarteirão do cinema nacional, Dois Filhos de Francisco.


Farias então partiu para a escolha  do elenco, e para dar vida a Hebe Camargo, escalou a experiente e veterana atriz Andréa Beltrão, sua esposa na vida real, e podemos dizer que ela conseguiu superar a pouca semelhança física com Hebe e nos entregar um trabalho repleto de riqueza e detalhes, como: o sotaque paulista, as suas expressões faciais e corporais. Beltrão atrai para si o protagonismo em todas as cenas, trazendo para as telas novamente a presença marcante de Hebe.


Um outro ponto muito bem abordado é a maneira sensível que o diretor mostra o lado humano e solidário da apresentadora, que já estava cansada da hipocrisia da sociedade tão conservadora. Hebe sempre foi uma mulher muito a frente de seu tempo, e o próprio longa mostra isso. Enquanto muitos programas naquela época utilizavam pessoas LGBT como esquetes de humor, a apresentadora sempre tentava dar uma visibilidade a artistas que faziam parte dessa comunidade e que não tinham vez em outros programas.


Hebe – A Estrela do Brasil é sensível, cativante e em certos momentos emocionantes. Porém fica aquela sensação que o diretor poderia ter explorado muito mais e assim ter nos entregado um longa bem mais poderoso, e a altura da apresentadora. Mesmo assim, temos aqui um longa que faz uma singela homenagem a essa grande dama da televisão.



Nota: 7.5/10

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