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Críticas

Crítica: Coringa


Se pudéssemos expressar em poucas palavras para descrever o mais recente trabalho do diretor Todd Phillips (Se Beber, Não Case) seriam exatamente essas: Ousado, Visceral, Cruel, Perturbador e Chocante.

Alguns críticos falaram que Coringa era um “soco no estômago” nos espectadores, porém podemos dizer ao contrário: Coringa é como um tiro a queima roupa. O longa em pouco mais de 1h55 consegue atirar sal em todas as feridas abertas da nossa sociedade atual. Esse filme chega com aquela missão de impactar e fazer com que os espectadores possam sair da sala de cinema e refletir um pouco mais sobre as coisas que o rodeiam, sobre a sua sociedade e suas próprias atitudes com o próximo. Se você pensa que esse é um filme sobre um vilão de quadrinhos, prepare-se, pois, Coringa vai te mostrar um outro lado muito mais cruel que qualquer HQ.


Coringa chega repleto de referências cinematográficas, onde se inspira para poder contar sua narrativa. Dentre essas inspirações conseguimos citar algumas como o clássico “O Rei da Comédia” (de Martin Scorsese), até mesmo passando pelo primeiro filme da antologia Uma Noite de Crime até mesmo chegando a outra HQ famosa, V de Vingança. Mas para quem acha que não existe alguma referência de inspiração de alguma HQ, podemos dizer que A Piada Mortal é a fonte mais próxima de todas as referências que o longa tenta se aproximar. Todd consegue ter aqui apenas um objetivo central: criticar ferrenhamente a sociedade. Mostrando em tela temas como bullying, a busca excessiva pela fama e o desprezo que a sociedade dá aos menos afortunados, só que tudo isso de uma maneira bem mais crua e muito cruel. E tudo isso aqui é representado pela figura de Arthur Fleck, um homem humilde com problemas psicológicos e com uma vida familiar em ruínas. Para piorar tudo isso a sociedade (colegas de trabalho e demais pessoas) o desprezam e fazem chacota do mesmo. “Só é preciso um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático”.


O grande problema que pode ser encontrado aqui é que o lado sombrio do personagem acaba ganhando o apoio da população de Gotham, que não aguenta mais ser pisada, menosprezada e humilhada. E é aí que o problema acaba ganhando tons mais polêmicos: Existem países que a população está a beira do caos e aqui está um gatilho que pode influenciar bastante.


Mas voltando ao filme, a atuação de Joaquin Phoenix é magistral, arrebatadora e que o cinema não via a muitos anos. Nem mesmo a presença de Robert de Niro e os demais atores conseguem chamar a atenção, como a de Phoenix. O próprio físico do personagem já mostra que a jornada de loucura vai ser bastante perturbadora. A risada do personagem é carregada de dor e sofrimento e com o passar do filme ela vai se tornando cada vez mais angustiante. Existem momentos risíveis? Existem, mas é aquele riso de nervoso e tensão. Se de inicio conseguimos ter uma certa empatia com o personagem, do meio pro fim, depois de vermos a verdadeira personalidade de Arthur já estamos enxergando ele como um ser totalmente sádico e imprevisível.


Esse mundo de caos que rodeia Fleck foi desenvolvido pelas mãos do roteirista Scott Silver (responsável pelo excelente O Vencedor) juntamente do próprio diretor, Todd Phillips. Silver faz com que a plateia consiga entender todas as angustias e desejos do nosso protagonistas, nos levando em uma jornada de dor, frustrações e loucura. Em diversos momentos você vai estar na ponta da cadeira. A montagem somada a esse roteiro beira quase a perfeição. O destaque também vai para a trilha sonora que deixa as cenas bem mais angustiantes, a canção final é um grande ápice para o ponto de loucura.


Coringa  é sem sombra de dúvidas o filme mais impactante, cruel e visceral de 2019, não só por conta da sua violência gráfica, mas pela maneira que ele retrata a sociedade de Gotham com a nossa sociedade. Você certamente vai sair do cinema com uma sensação bem estranha como se você tivesse literalmente apanhado. Todd Phillips nos entrega seu melhor trabalho como diretor e Joaquin Phoenix brilha em seu melhor papel.


Nota: 9.0/10

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