Quando temos em um mesmo filme os nomes de Steve McQueen (12 anos de Escravidão), da roteirista Gillian
Flynn (Garota Exemplar) e da atriz
Viola Davids (Um Limite entre Nós)
nada poderia dar errado. Essa trinca que faz parte da nova Hollywood se unem no
aguardado thriller As Viúvas,
baseado no livro homônimo da escritora Lynda La Plantae. Porém esse novo filme
de McQueen é apenas uma vitrine de nomes de peso para uma história sem foco e
sem carisma algum.
Veronica Rawlings (Viola) é a esposa do
criminoso Harry Rawlings (Liam Neeson, de “O
Passageiro”), que é morto pela polícia, juntamente com seus comparsas de
assalto. Sem recursos para pagar uma dívida de crime do marido, ela decide
recrutar as também viúvas dos companheiros que morreram com ele para um “último
golpe”. Assim, entram no jogo a imatura e destratada Alice (Elizabeth Debicki,
de “O Paradoxo Cloverfield”) e a
marrenta Linda (Michelle Rodriguez, de “Velozes
e Furiosos 8”), ambas em situação financeira precária.
Com um plot assim, McQueen poderia muito bem nos entregar um ótimo
suspense de assalto, onde as mulheres tomariam toda a situação, onde
normalmente a função seria assumida pelos homens em filmes desse gênero. Porém
parece que isso não saciou a vontade da roteirista Gillian Flynn e do também diretor
Steve McQueen, que ao invés de apostar em uma história mais dramática e
impactante, optaram por inserir diversas tramas paralelas com temas importantes,
mas que não conseguem em momento algum casar entre si e que acabam tendo uma
execução bastante pífia.
Machismo, racismo, corrupção, xenofobismo, política, submissão, guerra
de classes, prostituição e mias uma dúzia de assuntos polêmicos que estão
permeando o nosso atual cenário mundial acabam sendo abordados de uma maneira
tão porca e frouxa, que acabam transformando as 2h do filme em algo interminável.
Um dos exemplos é o “empoderamento” de Alice, que acaba iniciando a trama como
uma loira burra e estúpida, a qual ninguém realmente se importa e que no meio
do longa, acaba se transformando em um objeto físico para poder ajudar no
assalto. Só que o final da personagem é tão decepcionante com toda a trajetória
da personagem, que acaba colocando tudo ralo abaixo que foi apresentado nas
sequencias anteriores.
Nas atuações existem diversos problemas, a começar pela Viola Davis (Histórias Cruzadas e Um Limite entre Nós), a atriz está tão
no automático que nem lembra mais aquela mesma que brilhou em filmes como Dúvida, Histórias Cruzadas e até mesmo no tão popular A Luta por um Ideal. Não queremos mais ver Davis como a negra badass,
queremos vê-la fazendo novamente personagens que sofrem como a gente, que ri,
que chora, que erra e que mostre a sua entrega no papel. Suas personagens estão
se transformando em super-heroínas e não é isso que o público está procurando.
Em As Viúvas, a beleza da atriz está
horrível e por favor Hollywood, não a deixem usar mais esse tipo de corte.
A
outra viúva é defendida por Michelle Rodriguez (franquia Velozes & Furiosos), que por sinal tenta acabar com a imagem de
sua personagem na famosa franquia de roubo de carros, porém não consegue
convencer como mãe e muito menos como uma viúva que chora a morte do marido.
As
outras três personagens do filme são completamente forçadas, como havia dito em
cima, temos a jovem atriz Elizabeth Debicki como a burra Alice, que por sinal é
a que desenvolve melhor o seu papel, além das atriz Cynthia Erivo, que é uma
atriz simplesmente detestável e a outra viúva que por sinal pouco aparece e que
não tem relevância nenhuma para a trama, defendida por Carrie Coon.
Nas
atuações masculinas, não existe nenhuma salvação, os veteranos Liam Neeson,
Collin Farrell e Robert Duvall estão no piloto automático e apresentam suas piores
performances em anos. Neeson repete o mesmo personagem que vem fazendo desde a
franquia de Busca Implacável, enquanto que Duvall e Farrell se sustentam em uma
atuação cretina que poderia se digna até mesmo de atores poucos conhecidos.
Porém ninguém consegue superar a atuação de Daniel Kaluuya (de Corra!), que está extremamente caricato
como vilão. Ele consegue ser detestável, porém é aquele vilão digno de novela,
afinal ele consegue tudo, desde estar nos mesmos locais onde nossas personagens
estão até mesmo a mandar o seu bando de capangas matar um personagem.
O restante do elenco ainda conta com as atuações péssimas de Jacki
Weaver, na pele de uma mãe abusadora e Brian Tyree Henry, como um político
corrupto. Todos esses aparecem em tela em atuações forçadas e medíocres.
O tom dos diálogos beira ao teatral e novelístico, com muito arrogância principalmente
nas falas defendidas por Davis. Parece que McQueen e Flyyn não quiseram criar
uma história para todo o público e sim, para tentar chocar, e é exatamente isso
que não acaba acontecendo. O assalto é tão mal executado em cena, que acaba se
transformando em um verdadeiro festival de cortes bruscos.
As Viúvas tinha todo o
potencial para ser um grande filme do ano, porém acabou acontecendo ao
contrário. Temos um festival de incoerências, atores desperdiçando papeis e uma
história totalmente esquecível, em um filme que cansa já nos trinta minutos
iniciais. Com personagens vazios e um plot twist vergonhoso, As Viúvas é uma verdadeira decepção.
Nota: 4.0/10
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