Crítica: Alfa

Não é preciso dizer que as histórias mais recorrentes do cinema envolvem o ser humano e seu animal. Em sua maior parte, essas histórias são melodramáticas e que envolvem todo o tipo de problema até se chegar a um final feliz. O mais novo lançamento da Sony, Alfa, é praticamente isso porém aqui o diferencial está que não existe um abuso da manipulação emocional para tentar segurar e cativar a plateia, aqui o diretor tenta fazer isso através da beleza exuberante de suas tomadas e do espaço para podermos contemplar a história.

A trama se passa na Idade do Gelo na Europa de séculos atrás, onde conhecemos o jovem Keda (Kodi Smit-McPhee) que logo em sua primeira caçada com o grupo de elite de sua tribo se fere gravemente, a ponto de ser dado como morte, o que leva seu grupo a abandona-lo, no entanto Keda sobrevive e terá que encontrar forças para passar por todos os perigos que a jornada até sua casa apresenta. Nesse retorno, ele acaba encontrando um lobo, do qual ambos terão que tentar se respeitar um ao outro para juntos sobreviverem ao difícil caminho.

O roteiro é original e foi desenvolvido pelo também diretor Albert Hughes (O Livro de Eli), a história nada mais é que a jornada do herói em sua forma tradicional e que volta e meia encontramos em Hollywood. Um dos diferenciais que existe aqui é que quase não temos diálogos, mas como o objetivo da produção é tentar chegar ao grande público, existe uma narrativa off em determinados pontos que acabam deixando de lado a ambição de ser um blockbuster diferenciado.

Fora isso, o filme tem um visual simplesmente arrebatador e cada take são verdadeiras obras-primas em movimento com toda a sua iluminação e seu enquadramento preciso. Além disso a violência natural da época tem seu espaço na narrativa, mesmo sendo um filme considerado família.

O diretor já havia declarado que a opção de escolher um elenco de rostos desconhecidos, para uma conexão maior com a história e de fato foi muito boa a decisão. O elenco está muito bem, principalmente o nosso protagonista Kodi Smit-McPhee (Deixe-me Entrar).

Alfa é uma experiência cinematográfica belíssima, mesmo com um roteiro clichê. Não é o tipo de filme que vai agradar a todos, principalmente por conta do seu ritmo. Mas quem estiver disposto a embarcar nessa jornada, certamente vai se encantar.

Nota: 7.5/10