Crítica: Viva - A Vida é uma Festa

Pode até soar um pouco repetitivo, mas a Pixar sempre que acerta a mão, eles conseguem nos entregar verdadeiras obras-primas da animação e Viva – A Vida é uma Festa se enquadra perfeitamente nesse quesito.

No filme, Miguel é um garoto de 12 anos que sonha em se tornar um musico famoso, mas não encontra apoio da família devido a um acontecimento do passado. Determinado a mudar essa história, o menino acaba desencadeando uma série acontecimentos em pleno feriado mexicano do Dia dos Mortos.

O roteiro de Adrian Molina (do regular Universidade Monstro) é simplesmente brilhante, principalmente por exaltar a cultura mexicana sem cair no estereótipo, além de tratar a morte sem transformar o longa-metragem em algo pesado e depressivo, pelo contrário aqui basicamente temos um olhar sobre a memória afetiva que todos nós carregamos. O roteiro ainda consegue encontrar um espaço para tratar o respeito as diferenças.

O mais interessante é poder ver que o andar do arco dramático nunca vai pelo caminho mais fácil e previsível, a cada sequência a trama vai caminhando para um caminho bastante diferente do que é esperado, principalmente por se tratar de uma animação para crianças.

Outro destaque é a maneira que os personagens são construídos, os diálogos são muito bem desenvolvidos, a personalidade de cada membro da família é apresentada de uma maneira bastante clara para quem está assistindo. O carisma e o trejeitos logo conquistam o público, e esse cuidado não fica restrito somente aos protagonistas, vale também para os coadjuvantes.

Na parte técnica, a animação é simplesmente impecável, o designer dos personagens e dos cenários são realmente deslumbrantes, o uso do som e da iluminação acontece de uma forma precisa, a trilha sonora surge sempre para conduzir a trama para a frente, sem falar que a montagem é ágil e delicada, já que o filme tem seus momentos de silêncio e esses acabam arrebatando a plateia.

A animação não é nada original em seu arco dramático, porém a maneira delicada, poética e sem estereótipos que os diretores conduzem a trama acaba fazendo dessa aventura musical um presente para quem gosta de se emocionar com uma bela história.

Mesmo se tratando de um tema religioso e espiritual, em momento algum existe aquela sensação de estarmos entrando a fundo em ambos os temas, são as canções as responsáveis por apresentar ao mundo um pouco da cultura mexicana.