Me
Chame pelo seu nome é um filme sobre amor, mas que deixa-se abrir e expandir para
todos os significados que essa palavra possa significar.
Desde o primeiro momento do filme, temos os dois
protagonistas entrando em contato. Em 1983, Elio (Timothée Chalamet), com 17
anos, vive com a família em um casarão antigo no norte da Itália. Durante o
verão, eles recebem a visita de Oliver (Armie Hammer), pesquisador de 24 anos
que ajuda o pai de Elio em estudos sobre a cultura greco-romana. A aproximação
entre os dois não se dá de forma imediata, mas quando começam suas afinidades,
novos sentimentos começam a surgir.
Uma das grandes preciosidades do roteiro é saber contar uma história de
amor bastante convencional, com a sua única “diferença” ao colocar o protagonismo
em dois homens, o que deixa ser distante da maioria dos outros romances que
estamos acostumados a encontrar e principalmente também em sua narrativa. Essa
paixão que aparentemente é construída entre ambos serve muito bem como uma
reflexão para termos uma ideia sobre o que é um relacionamento, o que acaba
tornando uma fácil identificação entre o público.
A ambientação na Itália funciona perfeitamente e praticamente torna-se
um dos protagonistas da história, com destaques para as cenas do almoço em
família na qual chegamos a ter até quatro idiomas sendo apresentados e falados
em tela. É simplesmente genial.
Se já não bastasse o roteiro mais que certeiro de James Ivory (inspirado
no romance de Andre Aciman), a direção de Luca Guadgnino é mais que eficiente,
onde conseguimos compreender os sentimentos de Elio e também mergulhar de
cabeça com essa nova paixão na vida de Oliver. A câmera nervosa e os
enquadramentos buscam sempre distanciar o nosso casal protagonista, além de
criar uma forte empatia com Elio, que também está descobrindo sua sexualidade,
ao mesmo tempo que se envolve com Oliver também tem um flerte com Marzia. O
crescimento e amadurecimento de Elio (em uma atuação excelente e arrebatadora
de Chalamet) consegue elevar e impulsionar a trama enquanto ele tenta descobrir
a melhor maneira de se aproximar de Oliver, situação que tem o seu ápice em uma
cena memorável no monumento da memória da Primeira Guerra Mundial.
A trilha sonora vai acompanhando toda essa evolução. Enquanto temos na
primeira metade do filme as músicas bem mais presentes e de uma forma mais
diegética, elas são inseridas em cada contexto da cena, seja em uma festa ou
simplesmente com o Elio tocando o piano, e com o passar do tempo vamos
percebendo que essas canções vão surgindo também para embalar essa história de
amor. Além disso o longa conta com a belíssima canção original “Mystery of Love”
do cantor americano Sufjan Stevens.
Chegando na metade final do filme, a produção vai ganhando mais força ao
ir explorando outros personagens. O próprio Oliver se torna mais transparente e
podemos ver que todos os sentimentos nutridos por Elio sempre estiveram ali
presente. A mãe de Eli nos entrega os momentos mais cômicos do longa e também
acaba se tornando uma peça fundamental para esse processo de aceitação do
filho, porém quem rouba a cena é o pai do garoto, interpretado em uma atuação soberba
do ator Michael Stuhlbarg, que nos entrega uma das cenas mais lindas do filme
inteiro nos minutos finais.
Falando
no final do filme, prepare-se para sair do cinema com os olhos cheio d’água,
pois é uma montanha-russa de emoções e exatamente nela que temos um Chalamet
impecável.
Me Chame pelo seu
Nome é uma história de amor e autodescobrimento, que permeia entre a arte e a
sexualidade, que fará você refletir em diversos momentos. Sexy, encantador,
arrebatador e um tanto quanto sensual, esse filme certamente já é um clássico
moderno.
Nota:10/10
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