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Crítica: O Filme da Minha Vida


Muita gente já se acostumou a encontrar no cinema brasileiro o clichê de tudo que o cinema americano já apresentou, porém de uns anos para cá estamos sendo contemplados cada vez mais com belos filmes independentes que acabam ganhando um destaque merecido. O mais novo trabalho de Selton Mello na direção, O Filme da minha Vida chega exatamente para mostrar que o Brasil pode sim ter belos, poéticos e lúdicos filmes fora do eixo tradicional.


Situado em Remanso, Serra Gaúcha, o filme mostra a volta de Tony (Johnny Massaro) à sua terra natal, e encontra a mãe se despedindo do pai Nicolas (Vincent Cassel), que volta para a França, seu país de origem. Tony torna-se professor de francês e passa a viver de perto os problemas e descobertas da adolescência não só dele, mas também dos alunos. Entre as idas e vindas da cidade grande, a verdade sobre a partida do seu pai vem a tona e ele precisa decidir qual caminho deve tomar em relação a isso.


O roteiro do longa-metragem tem como base o livro do chileno Antonio Skámerta, Um Pai de Cinema, que apesar de ter uma trama bastante simples, consegue através de uma excelente adaptação contar uma história muito bem construída e que ainda reservam alguns enigmas para o espectador desvendar até o final da trama. Selton Mello e Marcelo Vindicatto conseguem criar toda uma narrativa onde o espectador caminha lado a lado com o protagonista, desde as descobertas até chegar nas verdades.


Além de assumir a direção do longa, Mello também está no elenco do filme como Paco e ele nos entrega uma excelente atuação. Mas é na direção que Selton consegue nos encantar, optando por deixar o estúdio de lado e gravar boa parte das cenas em lugares abertos, o que acaba rendendo com que ele explore muito bem o ambiente. Não existe uma cena que ele deixe a desejar na direção e também todos os diálogos presentes estão perfeitos e no tempo certo, nada de exageros. Além disso, a sutileza do silêncio que às vezes predomina em cena, é quase que fundamental e elas acabam ocorrendo nos momentos certos.


Outro destaque que acaba despertando a nossa atenção é para a fotografia do filme. Quem é o responsável por ela é o consagrado diretor Walter Carvalho e a dupla que ele faz com Mello é simplesmente poética. Walter sabe muito bem como fazer os posicionamentos certos para a câmera, ou até mesmo como criar uma movimentação mais intensa. A paleta de cores utilizada para o filme é toda feita em sépia, o que acaba trazendo ainda mais aquele ar nostálgico que o filme realmente pede. A trilha sonora mescla toda a influência francesa com pegadas da nossa jovem guarda.


O elenco do filme, que além de trazer Mello, conta com nomes como Johnny Massaro e Bruna Linzmeyer nos papeis principais e as participações de Bia Arantes, Ondina Clais e o astro francês, Vincent Cassel.


Depois de nos encantar com O Palhaço, Selton Mello nos brinda com uma obra tão poética, que fica impossível não ficar pensando depois que o filme acaba. O Filme da minha Vida é um dos melhores longa-metragem brasileiro desse ano e preparem-se, pois, ele pode mudar a sua vida.

Nota: 9.5/10

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