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Críticas

Crítica: Lady Macbeth


Hoje está cada vez mais debatido o poder de igualdade entre os gêneros, e da necessidade das mulheres se imporem perante as mais diversas situações, agora vamos pensar como isso seria se ocorresse em pleno século XVIII. É mais ou menos isso que o longa-metragem Lady Macbeth propõe, porém, mesclando uma trama dramática e com ares de terror, que norteia a discussão sobre a necessidade feminina de ser quem elas querem ser.


No longa Katherine (Florence Pugh) está presa a um casamento de conveniência, aonde vive sem amor ou carinho e servindo de objetivo ao lado de seu marido Boris Macbeth (Christopher Fairbank). Quando seu marido precisa viajar por questões de trabalho, a jovem Katherine inicia um tórrido romance com um trabalhador da propriedade aonde vive. Ela só não imaginava que essa relação amorosa iria desencadear vários assassinatos violentos.


O roteiro desenvolvido pela estreante Alice Birch está baseada na ópera russa Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk de Dmitri Shostakovich e podemos dizer que é um dos melhores roteiros desse ano, primeiramente porque ele não nos enrola em momento algum, tudo é muito direto e de uma maneira bastante enxuta, principalmente no arco dramático e em segundo lugar porque toda a construção do empoderamento feminino não é forçado. Agora imagina tudo isso ganhando forças de suspense e terror graças ao crescente tom de loucura de nossa protagonista.


O diretor William Oldroyd, também estreante na função, sabe narrar a história com todo o requinte da época e principalmente está atento a todos os detalhes. Oldroyd soube usar muito bem os enquadramentos sombrios para dar ainda mais um tom mórbido e conseguiu arrancar dos seus atores performances arrebatadoras.


O filme pode acabar não agradando a todos, principalmente pelo tom sufocante que a trama vai ganhando com o tempo. Aqui as reviravoltas principalmente envolvendo a nossa protagonista é de deixar o público em estado de choque, como a tempos não é visto. Além disso o diretor consegue criar uma personagem icônica, porque em diversos momentos somos questionados se Katherine é uma mocinha ou vilã, afinal todas as atitudes que ela toma é devido a repressão de uma sociedade machista e misogênica. O julgamento final não é o diretor que escolhe e sim a plateia.


Se esse ano tivemos Corra! para discutir o racismo em uma história de terror, Lady Macbeth vai pelo mesmo caminho para discutir o machismo e a necessidade de igualdade entre os gêneros.


O elenco é formado por praticamente rostos desconhecidos pela plateia brasileira e isso ajuda muito na imersão da trama. A nossa protagonista, Florence Pugh, é a responsável por carregar a trama inteira nas costas e com uma personagem forte e marcante. Podemos dizer que talvez tenhamos uma possível candidata a uma das premiações do próximo ano.


Lady Macbeth é uma obra-prima que merece ser vista por todos, independentemente de qual seja o seu ideal. Mesclando drama e terror, esse é o tipo de filme que vai te deixar pensando por alguns dias.

Nota: 10/10

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