Dentre todos os mangás já lançados no mercado, podemos dizer que Death
Note é o recordista em termos de adaptações: são cinco filmes, sendo dois deles
em animação, um anime, um musical, duas minisséries feitas para a televisão,
duas light novels e três jogos para consoles. E por mais que já tenham passado
mais de catorze anos desde o lançamento da obra original, o universo dele
permanece muito vivo no imaginário dos fãs. Até hoje apenas os
longas-metragens, Death Note: New
Gerenation e Death Note: Iluminando
um novo Mundo conseguiram captar em essência a obra de Tsugumi Ohba e
Takeshi Obata, então não vá esperando que o diretor Adam Wingard tenha
responsabilidade de nos entregar uma grande obra-prima, porque todos nós
sabemos que adaptações desse gênero são quase sempre catastróficas.
Light Turner (Nat Wolff) é um estudante ainda no high
school americano – vivendo em Seattle ele não é estranho à violência urbana,
que muitas vezes se faz presente dentro de seu colégio, tomando a forma
de bullying. Sua vida
muda completamente quando um misterioso caderno, o Death Note, cai dos céus
logo ao seu lado. Nele estão escritas inúmeras instruções e a primeira delas
diz que o humano cujo nome for escrito nessas páginas irá morrer. Após testar a
veracidade desse objeto, Turner inicia uma cruzada, ao lado de sua namorada, Mia
Sutton (Margaret Qualley), para livrar o mundo de criminosos,
iniciando pelo assassino de sua mãe, que não fora preso.
Podemos dizer que Death Note consegue
nos entregar um bom início de filme, sabendo muito bem apresentar a trama
dentro do ocidente, adotando assim uma narrativa mais centrada e pé no chão, o
que acaba tornando o nosso protagonista idêntico a tantos outros adolescentes
norte-americanos que encontramos em diversos filmes do gênero. O roteiro desenvolvido
por Charley e Vlas Parlapanides e Jeremy Slater acaba se preocupando muito mais
em demonstrar todos os aborrecimentos que rodeiam o jovem antes dele se tornar
Kira. Muitos que não conhecem a obra, vão conseguir se conectar imediato com o
nosso protagonista, mesmo com todos os gritinhos irritantes de Nat Wolff.
Uma das comparações que é inevitável fazer é que Light apesar de ser
inteligente, ele jamais consegue ter aquele destaque entre as pessoas comuns.
Para quem leu o mangá sabe muito bem que isso é completamente diferente, já que
na história Light acaba desde o começo sendo uma pessoa muito acima da média.
Aqui o personagem consegue provar seu intelecto através do fato dele fazer o
dever de casa dos outros estudantes em troca de dinheiro. Só que isso vai se
agravando, devido que as atitudes que ele toma são totalmente péssimas,
chegando ao cumulo dele admitir o alter ego antes da metade do filme.
Como Light passa a recusar fazer certas ações, muitas delas acabam sendo
transferidas para Mia Sutton, e nesse ponto, o filme acaba caindo totalmente na
mesmice do velho truque de hollywood: o jogo de gato e rato. Agora vocês devem
estar se perguntando sobre o Death Note, gente, sério, ele é um mero objeto de
cena. O roteiro dos três acaba preferindo dar uma atenção muito maior a
perseguição à Kira, do que propriamente construir toda a mitologia acerca desse
caderno.
O elenco do filme tem mais baixo do que altos momentos. Nat Wolff se
esforça o máximo que pode para compor o personagem, porém o Light dessa
adaptação é totalmente esquecível e não possui nada de especial. Lakeith
Stanfield, esse sim, consegue nos entregar a pior atuação do roteiro e também
um personagem que a gente torce para que morra o quanto antes. A atriz Margaret
Qualley, dentro os dois protagonistas é a que está melhorzinha, pois ela
funciona como o dedo podre e também a consciência de Light, o que acaba
representando o lado mais cruel de Kira no original. Porém se é para destacar
quem merece é o ator William Dafoe, que empresta a voz para o deus da morte,
Ryuk, uma figura que fica do começo ao fime nas sombras e age mais como uma
sombra sob Light, do que propriamente um parceiro.
Death Note caminha quase pro
mesmo lado da péssima adaptação do anime Dragon
Ball, contudo aqui podemos dizer que existe uma tentativa de salvação.
Porém quando os créditos começam a subir, fica mais que claro que esse tipo de
adaptação merece ficar descansando por um bom tempo.
Nota: 4.5/10
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