Apesar
de cada vez mais estar se tornando pouco usual, a festa de 15 anos continua
sendo para muitas meninas um dos momentos mais importantes de suas vidas. Para
muitas mulheres é um rito de passagem da infância para a juventude, ou o início
da vida adulta. Em 2014 a autora brasileira Luiza Trigo lançou o livro Meus 15 anos onde narrava exatamente
esse turbilhão de mudanças que acaba chegando na vida de uma garota prestes a
debutar e ainda com algumas peculiaridades na vida pessoal e escola. Eis que
três anos depois, os cinemas ganham uma versão homônima do longa.
No longa conhecemos a Bia (Larissa Manoel), uma
garota com 14 anos, tímida, ingênua, sonhadora e apaixonada por música. Na
escola ela quase não tem amigos, seu único e fiel companheiro é o amigo Bruno
(Daniel Botelho). Ela foi criada sozinha, boa parte da vida, pelo seu pai Edu
(Rafael Infante). Sem poder dar uma grande festa de 15 anos para a filha e por
querer presenteá-la de alguma forma, ele resolve inscreva-la num concurso de um
shopping, que vai premiar a vencedora com uma grande festa com tudo pago e com
um show da cantora Anitta. Ela ganha e todos os seus colegas da escola que nem
a notavam se aproximam para tentar ganhar um ingresso para grande festa, o que
causa inveja de algumas meninas que acabam transformando esse momento especial
numa grande confusão para Bia.
Com
um roteiro desenvolvido pela também diretora, Caroline Fioratti, e alguns
outros colaboradores, segue bem à risca dos grandes filmes juvenis americano,
ou seja, é clássica história de redenção de um perdedor, com seus diálogos e
reviravoltas típicas desse gênero. Mas o diferencial do longa é que ele mistura
em sua história a música, o que acaba tornando-a muito mais envolvente. Os
protagonistas vividos pela Larissa Manoela (Carrossel – O Filme) e Daniel
Botelho (Mãe só há uma) ganham suas próprias canções para expressar seus
sentimentos, tornando assim o longa uma espécie de musical teen.
Uma das coisas mais gritantes do filme é a maneira que ele desenha o que
seria o cotidiano da maioria dos adolescentes, que em nada lembra as escolas
que encontramos em boa parte do país. Só que diante do tom de fábula que o
longa conta, esse formato acaba não ficando tão distante.
A delicadeza, o carinho e o olhar que a diretora escolhe para contar
essa história faz com que a gente lembre alguns clássicos da sessão da tarde do
passado. Existe todo um ar de ingenuidade e conto de fadas ali, ao mesmo tempo
que ela consegue nos entregar todo esse rito de passagem que é um baile de 15
anos. A construção do antes e depois do baile são muito bem construídos durante
toda a projeção.
O elenco do filme em seu geral consegue se sair muito bem, o trio
principal possuí boa química e uma grande afinidade cênica, que acaba tornando difícil
definir qual ator merece ficar com Bia no final. Enquanto a parte cômica do filme fica por
conta dos talentos de Rafael Infante e os youtubers, Victor Meyniel e Polly
Marinho, que acabam roubando boa parte das cenas cômicas.
Meus 15 anos é um clichê tão
delicioso que acaba nos encantando do começo ao fim, principalmente pelo fato
dele cumprir o seu objetivo: atingir o seu público alvo.
Nota: 8.5/10
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