É muito interessante ver que diversas produções
do suspense e do terror estão utilizando o gênero para pautar discussões
importantes, seja tanto para o cunho social, político ou até mesmo econômico, o
que acaba tornando esses filmes mais atrativos, pois além de entreterem acabam
trazendo assuntos que precisam ser realmente analisados.
O longa conta a história do médico João Rocha
(Rafael Cardoso), que está encarregado da difícil tarefa de remover todos os
pacientes restantes de um hospital, para que o mesmo seja fechado por falta de
verba para mantê-lo ativo. A operação estava aparentemente correndo tudo bem,
quando João nota que uma das pacientes não foi transferida e ela não é achada
em nenhum lugar dentro da instituição, o que leva o jovem médico a uma busca
incansável pela garota, e é então que ele se depara com um “mundo” bem perigoso
e assustador.
O roteiro desenvolvido por André Pereira e Beatriz Manela é bem
inteligente, a começar pelo uso correto de diversos clichês do gênero, pois
além deles auxiliarem na narrativa da história, eles acabam aproximando o
público da história, já que eles adoram quando velhos clichês surgem em tela.
Além disso, podemos dizer que a dupla teve uma louvável influência dos
clássicos “hitchcokianos” ao elaborar o arco dramático da trama, que acaba
trazendo diversas reviravoltas onde claramente, lembra uma partida bastante
tensa de um jogo de xadrez.
Infelizmente
não podemos falar muito do longa-metragem porque estragaríamos muitas das
surpresas que ele traz. O que podemos dizer é que tudo que estamos acompanhando
no decorrer da trama, no final pode deixar todos bem surpresos.
O elenco do filme
traz bastante rostos conhecidos do público, mas o destaque maior é para Rafael
Cardoso que ao decorrer da história vai ganhando uma grande transformação e
acaba nos entregando uma ótima atuação.
Ainda alguns outros elogios ficam por conta da parte técnica, a
fotografia de Gustavo Hadba é muito bem trabalhada e pensada principalmente
para criar todo aquele clima de tensão e mistério que ronda a história, a
palheta de cores frias são fundamentais para o resultado. Somando isso, temos a
direção de arte, uma trilha sonora bastante adequada para o estilo de trama, o
trabalho de som, maquiagem e montagem que souberam tornar todo esse universo em
algo realmente tenso e assustador a cada minuto que a história vai se desenvolvendo,
mérito também da direção do estreante, J.C. Feyer, que soube conduzir muito bem
a trama.
Talvez um ponto que poderia ter saído melhor foi a maneira que algumas
escolhas dentro do roteiro e que ajudariam a dar um status muito maior ao
filme, principalmente no seu desfecho final. Além disso o excesso de clichês acaba
afetando em parte, afinal mesclar com um pouco de criatividade não faria mal a
ninguém.
O Rastro tem um saldo final muito positivo para um gênero pouco
explorado pelo cinema nacional. Uma trama que vai te surpreender além de tocar
na ferida de um tema bastante atual e que precisamos discutir.
Nota: 8.0/10
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