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Críticas

Crítica: Pequeno Segredo



Acho que nunca na história do cinema nacional um longa-metragem esteve tão cercado de uma repercussão negativa como Pequeno Segredo. O filme chega com a difícil missão de agradar aqueles espectadores que estão convencidos que sua escolha para representar o Brasil no Oscar 2017 não passa de uma estratégia política contra Aquarius.


O filme conta a história real dos anos em que os Schurmann conviveram com Kat, menina que já nasceu portadora do vírus do HIV, em uma época em que o tratamento não era tão eficaz quanto hoje, e é adotada pela família. Ao mesmo tempo, conhecemos também a história de amor dos pais biológicos de Kat.

Esse é sem sombra de dúvidas um dos pontos mais positivos do longa inteiro e também o que dá força para o filme. A história vivida pelos Schurmann é realmente forte e importante, mas talvez o que atrapalhe seu desenvolvimento é o exagero dramático, tanto em seu roteiro quanto em seu visual, fazendo com que o público tenha um esforço que não é exigido com seus personagens, já que eles não são de fáceis identificações ou melhor dizendo, você demora a se acostumar para quem torcer. Talvez o maior erro da produção foi o envolvimento pessoal do diretor David Schurmann, talvez sim ou talvez não.



O longa claramente conseguiria se sair melhor se esse peso dramático não fosse jogado em praticamente todos os momentos do longa. São sequencias em câmera lenta com uma música instrumental forte sendo tocada ao fundo, com os velhos diálogos prontos sobre a importância do amor, a sua fotografia colorida que deixa todos os cenários belíssimos, mas que infelizmente não passam a sensação de estarmos vendo um longa-metragem e sim uma novela ou um telefilme.



Se você estiver distraído ou não tiver entrado no clima do filme logo no início, certamente achará um pouco confuso a narrativa misturada entre as duas histórias, mas saiba que isso acaba funcionando muito bem para o filme. Principalmente, porque a história dos pais biológicos de Kat consegue ser mais envolvente que o restante do longa.



O elenco do filme consegue se sair muito bem, os grandes destaques ficam por conta de Julia Lemmertz, que volta as telas do cinema depois de sete anos afastada e consegue nos entregar uma atuação que caminha entre ocultar a verdade, se preparar para o momento quando for preciso revelar e o momento da revelação. As cenas envolvendo a veterana atriz e a jovem atriz, Mariana Goulart, realmente funciona e conseguimos entender que existe uma relação ali. Outro destaque fica por conta da atriz Maria Flor, que nos entrega uma atuação natural e que logo nos minutos iniciais de sua história conseguimos nos conectar com sua personagem. A veterana atriz Fionnula Flanagan infelizmente cai no caricato ao compor a avô da personagem, já que ela é uma mulher amargurada e que acredita que a neta precisa ir morar a todo custo com ela e o ator Marcello Antony também está em uma atuação mais intima mas mesmo assim ele não consegue convencer no papel e também falta química entre ele e Lemmertz.



Pequeno Segredo não é um filme ruim, mas também está longe de ser uma grande obra, podemos dizer que ele foi a escolha mais sensata para representar o Brasil no Oscar 2017, afinal ele tem tudo aquilo que a Academia realmente aprecia em um longa-metragem. Ele tem um ritmo agradável e de fácil envolvimento, mesmo tendo seus bons e maus momentos, seu resultado é positivo.

Nota: 7.5/10

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