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Críticas

Crítica: Inferno


Sabe quando você prepara uma receita de bolo sem nem precisar olhar os ingredientes? É exatamente assim que os espectadores vão se sentir ao assistir a nova aventura de Robert Langdon em mais uma nova adaptação de Dan Brown. Certamente todos perceberam os detalhes idênticos que as tramas de O Código Da Vinci e Anjos e Demônios tem com Inferno. Temos aquela sensação que parece a mesma história apenas trocaram o cenário, alguns personagens e também o tema.


A trama gira em torno de Langdon (Tom Hanks, reprisando seu papel pela terceira vez), que, ao acordar sem parte da memória em um hospital, é ajudado pela dra. Sienna Brooks (Felicity Jones), visto que o professor está sendo perseguido por uma mulher vestida de policial, que não hesita em matar um funcionário do hospital. A partir daí, eles passam a seguir as pistas deixadas por Bertrand Zobrist (Ben Foster), um bilionário que defendia que a raça humana estava em perigo devido a superpopulação, em obras de arte relacionadas a Dante Alighieri, que os levaria a uma doença a ser espalhada para dizimar metade da raça humana.


Como dito acima, Inferno conta com os exatos elementos que fizeram sucesso no primeiro filme e posteriormente passaram a perder o interesse no segundo longa. São eles: o personagem que não parece ser o que é, pistas deixadas por um homem morto, utilização de uma figura ilustre renascentista como base da estética e da investigação em si e uma organização oculta perseguindo o protagonista. Talvez por se tratar de uma adaptação o erro não seja do roteirista e sim do próprio autor, que demonstra falta de criatividade ou ousadia em trazer algo novo e acaba apostando sempre como um seriado de televisão, onde toda a semana temos um caso novo a desvendar e um vilão para encontrar. Devido a isso, é impossível você não saber todo o desfecho do filme antes mesmo da metade, o que acaba gerando uma certa frustração por parte do público.


Tom Hanks e Felicity Jones conseguem roubar a atenção do público em meio a essas falhas. Os dois trabalham muito bem juntos e é possível dizer que, Tom Hanks já está mais do que a vontade interpretando o personagem, tanto que ele já tem uma naturalidade e uma maneira de agir própria do personagem. Já Felicity Jones vem cada vez mais se mostrando um nome a prestar a atenção, a jovem atriz consegue dar o seu máximo mesmo que o roteiro acaba atrapalhando o grande momento de sua personagem. O destaque negativo vai para o ator Omar Sy, que não consegue desenvolver bem o seu personagem e acaba aparecendo em tela como um personagem que era para ser um vilão mas que não consegue comprar esse sentimento com o público.


Os trechos onde Langdon está tendo suas alucinações talvez sejam os melhores momentos do longa inteiro. O conceito de inferno criado por Alighieri, uma representação visual da Divina Comédia, nos garante cenas com um visual arrebatador e ao mesmo tempo bastante assustador. A pintura do Mapa do Inferno, de Botticelli, é inserida de uma maneira orgânica dentro da trama e passa a servir como ajudante para o personagem de Hanks.


A trilha sonora de Hans Zimmer por mais que não seja marcante como outros trabalhos do compositor, consegue dar o tom certo na melodia, principalmente nos momentos de tensão.


Infelizmente Inferno não acrescenta nada de novo, é como se estivéssemos assistindo ao longa de 2006 com uma nova roupagem. Mesmo assim, ele consegue divertir e entreter o espectador, com suas atuações convincentes e uma identidade visual bastante atrativa. Não vá esperando encontrar um grande filme, é um filme para se divertir e pronto.

Nota: 6.0/10

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