Em Exibição nos Cinemas

Críticas

Crítica: Elis


Se tem algo que o cinema brasileiro sabe fazer bem é cinebiografia. O público sempre responde uma maneira bastante positiva a esse tipo de filme, vide os sucessos de Cazuza – O Tempo não Para, Dois Filhos de Francisco e até mesmo o fraco Tim Maia, são exemplos de grandes sucessos de público. Afinal não é complicado pegar um artista que conquistou a todos e fazem com que o espectador se conecte a história do longa. Então nada mais justo que uma das maiores vozes femininas do Brasil ganhar um filme só seu, mesmo que chegue muito tardiamente.


Talvez o maior erro de Elis esteja no roteiro de Hugo Prata (que também dirige o longa), Luiz Bolognesi e Vera Egito. Todos os acontecimentos mostrados em tela são muito mastigados e de uma maneira bastante superficial. Diversos momentos importantes da cantora acabam surgindo sem uma grande profundidade. Mesmo que a intenção deles fosse não se aprofundar em alguns momentos, existem outros que acabam sendo cansativos e repetitivos, principalmente no relacionamento entre Elis e Boscolli. O longa consegue ganhar um ritmo e engrenar a partir do momento em que a cantora se apresenta para os militares e a partir daí começa a gerar grandes consequências.


Não há muita exploração sobre sua família, sua relação com outras pessoas e amigos, porém existe uma exploração quase excessiva e exagerada da paixão da cantora pela música, ela fica enaltecendo isso diversas vezes durante o filme.


Infelizmente, Elis quase cai no mesmo erro da cinebiografia de Tim Maia, mas diferente daquele, a salvação desse aqui está principalmente em seu elenco. Andreia Horta, mesmo que alguns momentos sua atuação possa estar levemente exagerada, está em seu melhor papel da carreira além de ter passado por um trabalho físico bastante árduo para parecer Elis, principalmente no sorriso grande e nas mãos em constante movimento. O elenco ainda conta com Caco Ciocler, Gustavo Andrade, Lúcio Mauro Filho e o outro grande destaque do longa, Júlio Andrade. A direção de Hugo Prata é bastante regular, deixando a sensação que até mesmo o especial Por Toda a Minha Vida – Elis Regina teve o cuidado de realizar algo mais aprofundado. O repertório é bastante conhecido e não deve incomodar ninguém, os grandes clássicos da cantora estão ali presentes, porém o que pode incomodar é o fato que Andreia Horta não canta e sim dubla, porém, a sensação que temos ao ver as dublagens da música é que eles poderiam ter trabalhado melhor nessa parte, porque muitas vezes ela soa como artificial.


Todo mundo sabe o final trágico que a carreira de Elis teve e quando isso é retratado no longa, acaba parecendo superficial demais e dando aquela sensação que o diretor queria terminar o filme o mais rápido possível. Não existe uma comoção para cena e quando ela acontece você fica pensando, será que valia a pena mesmo terminar assim ou poderiam encontrar um outro caminho.


Elis é aquele tipo de filme que quando acaba você fica pensando, mas horas depois você nem irá se lembrar mais. Ele não é ruim, pelo contrário, ele é bom. Porém devido a excessos do diretor e um roteiro realmente fraco, acaba prejudicando a maneira de contar a história de uma das vozes mais importantes que esse país já teve. Em compensação, temos as atuações brilhantes de Andreia Horta e Júlio Andrade.

Nota: 7.0/10

About Marcelo Rodrigues

0 Comments:

Postar um comentário

Em Breve nos Cinemas

Tecnologia do Blogger.