Certamente
você já deve ter escutado falar do polêmico filme de 1915, O Nascimento de uma Nação, um longa que retratava o surgimento da
Ku Klux Klan (movimento que defendia a supremacia branca) em seu enredo, para
piorar a situação do longa-metragem, muitos atores brancos foram pintados com
tinta negra para representar os personagens negros que haviam dentro do filme. Eis
que passados 100 anos da estreia desse polêmico longa-metragem, o diretor Nate
Parker utiliza o mesmo título em uma obra totalmente avessa ao filme de 1915.
A trama narra a história do lendário Nat Turner
(Nate Parker), um negro que aprendeu a ler ainda garoto e quando adulto tinha
um magnetismo em sua oratória, devido a isso, seu dono Samuel (Armie Hammer)
começou a utilizar desse dom para que Nat pregasse com trechos da bíblia em que
dizia sobre aceitar a realidade de submissão em que viviam e assim amenizasse
os ânimos dos escravos. Inicialmente o recurso era usado somente em sua
fazenda, mas logo Samuel começou a vender o “serviço” para outros donos de
fazenda, e foi nessas andanças que Nat começou a identificar os horrores que os
negros sofriam de seus “donos”, e isso trouxe o desejo de mudar tal realidade e
assim despertou nele a ânsia de liderar uma rebelião dos escravos contra os
seus donos brancos.
Infelizmente o roteiro de O Nascimento de uma Nação peca em não conseguir transformar a história de Nat Turner em algo realmente impactante para o grande público. Temos uma sensação que todas as passagens da narrativa do longa foram tiradas de outras obras que abordavam o mesmo tema, o que acaba prejudicando a forma que Nate decide contar a sua história. Porém não podemos negar que o diretor, Nate Parker, consegue criar cenas realmente belíssimas e emocionantes, mas que ao mesmo tempo acabam deixando aquele gostinho de quero mais. Não temos a criação de um clímax realmente inesquecível nos principais momentos da história, principalmente na batalha entre negros e branco.
Mais
um ponto a favor do diretor é a maneira escolhida de conduzir o seu elenco,
aqui todos têm o seu momento de destaque, mesmo que seja uma pequena
participação na trama. Porém quem rouba a atenção do filme para si, é o próprio
diretor, que interpreta o personagem principal dessa história. Sua atuação é
tão intensa, que podemos sentir sua dor e agonia só pelo olhar. Já podemos ter
quase a certeza que o seu nome deve figurar na lista dos finalistas para Melhor
Ator no Oscar 2017, a não ser que a Academia decida ser levada as polêmicas que
vem cercando o ator/diretor nos últimos meses.
A
fotografia merece um destaque a parte, principalmente para as cenas noturnas,
que são fantásticas. A trilha sonora também está forte, mas o trabalho de
maquiagem e direção de arte são um dos maiores destaques de todo o longa.
Vale
destacar a maneira que o filme mostra uma artimanha muito conhecida nos dias de
hoje, onde trechos da bíblia são pregados principalmente para justificar seus
pensamentos retrógrados e assim poder doutrinar seus fiéis ao seu modo.
O Nascimento de uma Nação tem
uma produção impecável além de trazer a história de um homem que inspirou uma
mudança de atitude da humanidade em relação ao racismo, porém se formos
analisar o longa como uma obra cinematográfica, infelizmente ele deixa a
desejar.
Nota:
7.0/10
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