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Crítica - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho



Os animais sempre estiveram presente na história da Disney, agindo às vezes como protagonistas ou não. O estúdio já nos ofereceu diversos clássicos envolvendo-os, tais como: A Dama e O Vagabundo, 101 Dálmatas, O Cão e A Raposa, Irmão Urso, Bolt, Selvagem, Nem Que A Vaca Tussa, Bambi, Dumbo, Robin Hood, Aristogatas e o sempre lembrado e amado, O Rei Leão. 

 
Sendo que essas animações contem apenas animais como protagonistas, se fôssemos levar co-participação deles em algum longa da Disney, a lista seria praticamente imensa. Já que o estúdio sempre traz algum bichinho como apoio em suas animações ou filmes. 

 
A última vez que a Disney resolveu se aventurar e focar a história praticamente em cima de um animal, foi em 2008 com Bolt – Supercão. Mas o co-diretor, Bryan Howard assim que terminou a produção do longa começou a esboçar as primeiras ideias para Zootopia, que marcaria o retorno dos animais aos longas animados da Disney. 

 
Os diretores Bryan Howard e Rich Moore, também ajudaram a desenvolver o roteiro com mais cinco pessoas e diferente do que vemos por aí, aqui a coisa realmente funciona a sete mãos. Eles no entregam uma história tão amarrada e tão cativante da vida da coelhinha Juddy Hopps, que ela logo nos conquista de cara. Judy desde a infância sempre quis se tornar policial da fantástica metrópole Zootopia, um lugar onde tudo é possível, onde predadores e presas vivem em completa harmonia enquanto tocam os afazeres de cada dia. Com muito esforço e dedicação, Judy supera as adversidades e consegue realizar seu sonho. 

 
Porém, ao chegar na utopia dos bichos, Judy se depara com diversas frustrações: é enganada por uma raposa ardilosa, além de ser designada para a vigilância de trânsito recebendo olhares de notório preconceito, afinal como um animal tão pequenino acabou entrando na força policial? Com muitos casos de desaparecimentos pela cidade, além de boatos que antigos predadores estarem voltando ao estado selvagem e irracional, Judy acaba por conseguir entrar na investigação do sumiço de uma lontra. Para conseguir entrar no submundo do crime da cidade, Judy acaba convencendo Nick Wilde, a raposa golpista, a ajudá-la na misteriosa busca. 


Zootopia, em momento algum levanta os motivos que presas e predadores conseguiram superar a cadeia alimentar e viver de uma forma harmônica na cidade, e também porque a cidade é exclusivamente composta por mamíferos. A exposição logo no inicio do filme já consegue de cara atingir a todos com aquela única finalidade de compreendermos a real motivação de Juddy Hopps e, claro, a gente ficar apaixonados por ela. Temos que tirar o chapéu para os sete roteiristas, pois eles conseguem elaborar quase que impecavelmente a construção da protagonista, afinal o longa é centrado em apenas um ponto de vista: o de Hopps. Toda a caracterização da coelhinha que apesar de ser valente, sofria na mão do valentão e que por isso nunca desistiu do Zootopia Dream, funciona muito bem. 

 
Porém é quase que inegável dizer que a personagem só cresce a partir do momento que se encontra com a raposa Nick, os dois constroem uma relação tão divertida e sincera, que não víamos a muito tempo nos longas fora do eixo “Disney’s Princess”. 

 
Nick não é apenas o alivio cômico para a personagem de Hopps, ele também serve como arco emocional ao lado da coelhinha, marca característica das animações dos estúdios Disney. 

 
É satisfatório você enxergar como foi construída a infância dos personagens, se por um lado Juddy sempre teve esse sonho de ser uma policial, Nick já não trilhou esse caminho, depois de sofrer uma grande decepção ele passa a se tornar esse malandro que é apresentado atualmente. Além desses dois personagens centrais, existem vários outros secundários e que ajudam no desenrolar da trama, tais como: O Departamento de Trânsito formado apenas por bichos-preguiça (Uma das cenas mais engraçadas do longa inteiro) ou a casa de nudismo. Mas se existe uma que certamente vai arrancar lágrimas da plateia de tanto rir, é a que envolve um musaranho caracterizado de Don Corleone. 

 
Mesmo com alguns tropeços, os roteiristas fizeram um trabalho inegável depois que pararam de apresentar a cidade e focaram a investigação policial. É exatamente esse ponto, que toda a nossa atenção fica presa. As diversas interações entre os personagens carismáticos, da comédia inteligente, que por diversas vezes é compreendida pelos adultos e as boas reviravoltas que existem no terceiro ato, é o que caracterizam Zootopia. 

 
Existem diversas referências a cultura do mundo moderno, citando algumas: Tem Breaking Bad, Incontrolável, O Silencio dos Inocentes, O Poderoso Chefão e até mesmo o clássico recente da Disney, Frozen. 

 
Um ponto negativo é a ausência daqueles momentos dramáticos que caracterizaram a Disney em diversos longas. Lembrando que o estúdio foi capaz de arrancar lágrimas das plateias do mundo todo com a morte da mãe de Bambi, do fim de Mufasa, da quase morte de Baloo, de Tarzan entrando pela primeira vez na cabana de seus pais (um adendo: Tarzan é uma obra-prima), de Dumbo visitando sua mãe confinada na jaula, quando Totó é abandonado em o Cão e a Raposa, de Pinóquio se transformando em burro, quando Kenai conta para Koda a verdade sobre a morte da mãe do urso. O estúdio parece não estar mais preocupado em entregar momentos assim para a nova plateia, com medo que eles fiquem chocados ou talvez reclamem do acontecido. 


Em Zootopia, existe sim um momento em que a lágrima escorre mas ela é tão rápida, que mal temos tempo de compreende-la e uma outra cena já está sendo exibida. 

 
Diferente do que aconteceu com Frozen, que trouxe músicas poderosas e que marcaram o ano, o novo longa traz apenas a canção “Try Everything” da Shakira (ela dubla a personagem Gazelle no longa) e apesar de ser uma música bonitinha, ela certamente vai ser esquecida por alguma outra que surgir. 


Zootopia chegou aos cinemas quietinho como se não quisesse nada, apenas divertir as crianças e encantar os adultos. Mas foi em questão de segundos, para que ele se tornasse o mais novo clássico dos estúdios Disney. Não precisamos dizer que é dela o Oscar de Animação de 2017 e principalmente que Procurando Dory, vai precisar nadar muito para chegar ao mesmo nível dele. 

Nota: 10/10

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