Em 1981, o diretor Desmond Davis levou plateias do mundo todo aos cinemas para assistir Fúria de Titãs, um filme de ação que tinha em seu enredo os personagens clássicos da mitologia grega. Em 2010, quase 30 anos depois do lançamento do original, a Warner Bros resolveu chamar Louis Leterrier para comandar uma nova versão do clássico, claro, que agora os efeitos seriam mais caprichados e tudo mais, porém o que acabamos encontrando no remake de Fúria de Titãs é algo quase que semelhante ao encontrado em Deuses do Egito.
A trama agora acompanha Bek (Brenton Thwaites) um mortal pacato que se considera apenas mais um soldado, e que vive em um Egito ancestral dominado por deuses e forças ocultas. Quando o impiedoso Set (Gerard Butler), deus da escuridão, toma o trono da nação e mergulha a sociedade no caos, o jovem se unirá a outros cidadãos e com o poderoso deus Horus (Nikolaj Coster-Waldau), para formar uma expressiva resistência.
Dirigido por Alex Proyas, o mesmo responsável pelos longas Eu, Robô e Presságio, traz quase que o mesmo universo de Fúria de Titãs, só que agora inserindo a mitologia egípcia. O diretor investe bastante nas cenas de ação com planos bastantes ágeis e rápidos, que parecem terem sido saídos de um videogame. Algumas cenas chegam a ficar confusa, devido a tamanha confusão de personagens que acabam sendo inseridos nela.
Porém o maior erro do filme talvez encontra-se em seu roteiro. Os roteiristas Matt Sazama e Burk Sharpless, que trabalharam juntos nos fracassados Drácula: A História Nunca Contada e O Último Caçador de Bruxas, conseguem transformar o filme em uma amontoado de falas clichês e situações totalmente previsíveis, deixando assim a experiência de assistir a algo divertido em algo totalmente chato e arrastado.
Os personagens por diversas vezes soam como artificiais e suas atuações diante ao roteiro medíocre é digna de pena.
O elenco do filme é um caso a parte e podemos dizer que um tanto quanto polêmico. Por se passar no Egito, muita gente questionou a escolha de um elenco praticamente branco. Então vamos falar sobre o elenco, a começar pelo protagonista adulto vivido pelo ator Nikolaj Coster-Waldau, que interpreta Horus, o Deus do Céu. O ator dinamarquês tem uma atuação fraca comparada aos seus outros trabalhos e na maior parte do longa, seu personagem acaba sendo ocultado por outros, devido que o carisma de Horus não é o suficiente para ele cair na graça do público.
Gerard Butler confirma a velha teoria de que nem sempre um rostinho bonito significa bom talento. O ator que já fez papeis mais marcantes, dessa vez consegue ir ladeira abaixo com o vilão Set. Quando o personagem dele entra em cena é legal e tudo mais, porém cinco minutos depois você já não suporta mais ver a cara dele em tela. Butler abusa dos gritos e dos carões transformando o vilão dele um tanto quanto caricato.
Um fato curioso é que fica quase que impossível de comprar a ideia que Nikolaj é sobrinho de Butler no filme, a diferença entre idade deles é de um ano apenas. Mais uma vez, parabéns para os roteiristas que desenvolveram uma família um tanto quanto disfuncional.
Sobre a participação de Geoffrey Rush, podemos dizer que o veterano ator deve estar com alguma conta atrasada. Porque, não tem como entender os motivos que o levaram a viver Ra. É um personagem tão coadjuvante, que nem percebemos quando o ator sai de cena. As cenas dele com Butler podemos dizer que estão boas porém forçadas em determinados momentos.
Talvez o que salve do elenco e de seus personagens é o trio vivido pelos atores Brenton Thwaites (do longa O Doador de Memórias), Elodie Yung (a futura Elektra do seriado Daredevil, da Netflix) e o ator Chadwick Boseman (o Pantera Negra, da Marvel).
Outro ponto negativo do filme é que o velho combo de Diversão + Explosão, não funciona aqui. Seus 127min parecem terem sido transformados em um longa de mais de 3h de duração, porque as cenas não engrenam em momento algum e de uma certa forma o filme passa por momentos em que se torna arrastado. As poucas piadas que o filme possui, são extremamente sem graças e soam um tanto quanto deslocadas.
O maior mérito do longa é na sua produção, que consegue ter mais destaque que a própria direção e roteiro. Os efeitos especiais estão muito bem produzidos e chamam muito a atenção, além dos figurinos dos Deuses serem impecáveis. Os destaques entre os figurinos ficam para Hathor, a Deusa do Amor e Thoth, O Deus da Sabedoria.
Deuses do Egito é uma tentativa falha de levar para as telas do cinema o universo da mitologia egípcia. Talvez se houvesse um roteiro mais trabalhado e uma direção mais firme, poderíamos ter, quem sabe, um filme tão bom quanto Fúria de Titãs. Porém o que acabamos assistindo em tela é algo totalmente esquecível depois da saída do cinema.
Nota: 5.5/10
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