A primeira vez que esse herói surgiu nas telas do cinema, foi em 2009 no péssimo X-Men Origens: Wolverine. A ideia inicial da Fox era fazer vários filmes que mostrassem as origens dos X-men, porém com a péssima recepção do público e da critica, os projetos logo foram colocados de lado e depois de um tempo abandonados. Porém os fãs do personagem que esperavam encontrar o debochado personagem, acabaram se decepcionando da maneira que ele foi representado no longa e isso acabou enfurecendo boa parte do público que havia ido no cinema assistir ao longa. Se por um lado X-Men Origens: Wolverine é considerado um dos piores filmes de super-heróis ao lado de Demolidor, Motoqueiro Fantasma, O Justiceiro e Lanterna Verde, hoje temos a oportunidade de finalmente ver um filme desse anti-herói debochado pra C***********ho e poder dizer que sim, Deadpool é um grande acerto no mundo dos quadrinhos adaptados pro cinema.
A trama do longa
acompanha o ex-militar e mercenário, Wade Wilson (Ryan Reynolds) que é
diagnosticado com câncer em estado terminal, porém encontra uma possibilidade
de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um
incomum senso de humor, ele torna-se Deadpool e busca vingança contra o homem
que destruiu sua vida.
O estreante Tim
Miller foi o escolhido para comandar a ação debochada e podemos dizer que para
um novato, ele se saiu muito bem. Miller consegue segurar a atenção do espectador
do começo ao fim, além do destaque por criar cena de ação e de luta, que são
realmente incríveis.
O roteiro
desenvolvido por Rhet Reese e Paul Wernick foge daquela fórmula que estamos
acostumados a encontrar na maior parte dos longas adaptados de uma HQ,
principalmente quando se trata da estreia de um herói nas telas do cinema.
Para termos uma
ideia, a abertura do longa é a cena mais explorada pelo trailer do filme: a
perseguição na rodovia. Porém ali já sabemos o que será apresentado no decorrer
da trama: muita linguagem vulgar, piadas cretinas, uma zoeira sem limites, sexo
e claro, muita mas muita violência. Ou seja, o roteiro é mais do que fiel a
origem de seu personagem.
Sabemos que Wade
é o Deadpool antes mesmo dele vestir o uniforme do personagem e um destaque
aqui fica para o Ryan Reynolds, que incorpora o personagem tanto com e sem o
uniforme. O ator sabe que o seu
personagem precisa muito de sua expressão corporal e as mudanças que ele faz
com a voz, é simplesmente genial. Um dos grandes acertos do filme é os efeitos
especiais que animam os olhos e o cenho
do personagem quando ele se torna Deadpool. O diretor dessa maneira consegue
brincar com os olhares irônicos, surpresos, apaixonados e impacientes que
marcam a comédia tão presente no longa.
O roteiro ainda
brinca no flashback ao tentar trazer
um lado dramático para o longa, no momento em que Wade descobre que está com
câncer terminal e tem pouco tempo de vida. Porém isso serve apenas de um
pretexto para que ele possa tornar-se um mutante. É aí que entram os nossos antagonistas, os
grandes vilões do filme: Ajax e Angel Dust. Porém como nada são flores,
Deadpool sofre com a maldição da Marvel, em sempre querer apresentar um vilão
que é praticamente descartável e superficial, é aqui não é diferente.
Existem dois arcos que guiam o filme inteiro, porém um terceiro é apresentado e aí que surge
duas participações que somam no time. A presença de Colossus (Até que enfim
entenderam e colocaram o sotaque russo no personagem) e a Negasonic Teenage
Warhead, que tentam a todo custo trazer o nosso “herói” para o time dos X-Men. Os outros dois arcos são digamos pouco
inspiradores, sendo que o primeiro mostra Wade tentando se apresentar para
Vanessa depois da deformação de seu rosto e o outro acompanha a batalha de egos
entre o nosso personagem e o vilão Ajax, que resultam em piadas um tanto quanto
cretinas sobre o nome do personagem. Um
ponto negativo é que a reviravolta é muito previsível e soa um tanto quanto
imatura, tendo apenas como objetivo colocar a nossa mocinha em perigo. O próprio personagem é desenvolvido com
bastante limitação e acaba nos entregando um antagonismo bastante caricato. A
culpa não é do ator Ed Strein, e sim do personagem que é bem pobre.
A comédia
presente é muito boa e essencial para o filme, porém ela começa a cansar depois
de um certo tempo. De cada dez palavras que o personagem fala, onze são piadas,
então dá para entendermos que o filme não se leva a sério nem mesmo na sua
linguagem. Porém a melhor sacada da comédia no longa vem das referências aos
papeis fracassados que Ryan Reynolds teve ao longo de sua carreira,
principalmente os que envolvem personagens de HQ’S.
Deadpool é um
filme bem barato comparado a outros longas de heróis. Segundo alguns sites,
apontam que o orçamento do longa ficou entre 30 e 50 milhões de dólares. Todo
mundo sabe que nenhum estúdio aposta grandes orçamentos para filmes com uma classificação
alta nos Estados Unidos. Com esse
orçamento apertado, podemos dizer que as cenas de ação acabam sendo mais
limitadas. Na verdade o longa em si, tem apenas duas grandes sequencias de
ação: a cena da rodovia e a cena final mas em compensação, os efeitos especiais
estão muito bem desenvolvidos, apenas um ponto negativo fica para a sequencia
final onde os efeitos parecem estar um tanto quanto “anos 90”, do contrário
seria tudo as mil maravilhas. Já não podemos dizer sobre a palheta de cores
utilizada para o filme, são muitos tons dessaturados e acinzentados em um filme
onde o personagem principal é cheio de vida.
O design de
produção é muito mais inspirador do que a fotografia do longa, sendo que ela é
vital para diversas situações do filme. Como os bonequinhos, as anotações no
papel ou nos detalhes que ficam impossíveis de captar em um primeiro momento.
A sequencia de créditos
iniciais é uma das mais geniais dos últimos anos, assim como o belíssimo plano
sequencia congelado que explora um determinado momento de ação, nos revelando a
loucura que ronda o nosso personagem.
Se antes tínhamos dúvidas que Ryan Reynolds poderia ser um bom Deadpool, aqui elas são
jogadas pelo ralo e comprovamos que não poderia existir outro ator para fazer o
personagem, a não ser ele e a química
entre ele a brasileira Morena Baccarin funciona muito bem e conseguimos comprar
todas as cenas do casal.
Enfim, Deadpool é um puta filme que não vai
decepcionar quem estava com grandes expectativas desse reencontro com o
personagem. Não esperem nada revolucionário ou algo que vá mudar sua vida,
porque não existe, e sim o que existe é piadas de humor negro, ação violenta, teor
sexual, o palavreado forte, que certamente deixará todos satisfeitos.
P.S.: Existe uma
cena divertidíssima depois dos créditos
Nota: 9.0/10
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