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Crítica: Relic


Terror australiano mostra que o envelhecimento pode ser realmente assustador


Assim como acontece em longas de fantasia e ficção cientifica, uma das diversas funções do gênero terror é poder trabalhar questões indiscutivelmente reais e humanas dentro de suas tramas. Relic, produção australiana e que marca a estreia da diretora Natalie Erika James consegue exercer esse proposito com foco, sem acabar se rendendo as distrações possíveis que possam estimular a ambiguidade do público. A sua maior inquietação, como autora, é como lidamos com a morte e o envelhecimento de nossos pais, sendo que o medo não está muito longe das outras sensações que esse assunto ainda causa na maior parte do público.


A trama acompanha Kay (Emily Mortimer), que recebe um alerta de que sua mãe idosa, Edna (Robyn Nevin), está aparentemente desaparecida. A senhora vive sozinha, afastada do centro urbano e não responde aos chamados em casa. A protagonista então viaja com a filha Sam (Bella Heathcote) para averiguar e realmente não encontra a mãe no lar antigo em que cresceu, mas não por muito tempo. Após alguns dias Edna reaparece, sem nenhum indício de onde esteve, porém, não parece ser mais a mesma pessoa que antes.


Essa história poderia render muito bem um drama familiar daqueles, mas, a estética assustadora de como posicionar cada silhueta de seus personagens nas sombras, os bolores um tanto quanto repugnantes e uma trilha sonora bastante incômoda, consegue transformar a obra em um verdadeiro “pesadelo”. O que acaba diferenciando de obras como Hereditário e do outro representante local, O Babadook, é que a diretora em momento algum permite a opção de múltiplas escolhas narrativas. Toda a experiência vivida pelo trio de mulheres é realmente assustadora, mas tudo o que vemos em tela de sobrenatural pode ser descrito facilmente como uma projeção dos conflitos internos de cada uma delas.


Relic é um filme de terror totalmente diferente do que estamos acostumados a assistir. Pode causar um certo desconforto em uma parcela do público, mas para aqueles que embarcarem na história certamente vão se surpreender.


Nota: 8.5/10

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