Com um roteiro bastante atrapalhado do ponto de vista da narrativa, a produção acaba pecando por apresentar uma boa premissa, porém jamais aprofundada
O espectador passa a acompanhar a história de Abe (Noah Schnapp), cujos pais são grandes companheiros um do outro, mas que se desentendem por conta da necessidade de apaziguar suas famílias. Enquanto os avós paternos de Abe são muçulmanos, os maternos são judeus; os quatro querem que o neto siga a religião deles, ocasionando em grandes desavenças e intervenção por parte dos pais do protagonista.
Desde pequeno, porém, Abe tem algo em seu sangue que o tira de toda e qualquer confusão familiar. Ele é apaixonado por gastronomia e, muito jovem, os cursos que o enquadram são para crianças, algo que ele não precisa retomar. Desta forma, quando seus pais o matriculam em um curso de culinária para crianças, o sempre atualizado e blogueiro Abe consegue descobrir o endereço da cozinha de Chico, chef brasileiro que faz a vida nos Estados Unidos e participa de uma feira ao ar livre com seus lanches típicos.
Chico mantém sua cozinha e demais funcionários em rígidas regras. Desta forma, quando Abe começa a se infiltrar, ele percebe que precisa seguir o caminho do zero para alcançar certo reconhecimento e técnica. E assim o filme mantém seu ritmo, já no segundo ato, desenvolvendo um personagem que consegue se encaixar no mundo da gastronomia de forma sorrateira, pois seus pais não aceitariam tamanho desafio para o filho pródigo.
Com direção de Fernando Grostein Andrade, Abe é basicamente aquele típico filme “feel good”, com a jornada do herói definida pelo personagem do Noah Schnapp. Só que aqui, infelizmente faltou uma grande camada de cinema, na visão do diretor de fotografia Blasco Giurato (do clássico Cinema Paradiso), que deixa tudo em tom muito televisivo. Tanto que as luzes do restaurante de Chico, mais parecem terem saído de uma cozinha de reality show do que propriamente de um restaurante. Nas demais tomadas, a atmosfera acaba sendo bastante rasa e deixando tudo sem uma grande exploração ambiental.
Quem também peca aqui é o elenco, que acaba deixando transparecer uma certa falta de entrosamento entre eles, porém precisamos destacar que o trabalho realizado por Noah e Seu Jorge é excepcional. A falta de entrosamento fica nítida em uma cena específica, onde acontece uma discussão e diante de um diálogo tão superficial, nem mesmo Noah Schnapp conseguiu manter a química que acontece quando está em cena com Seu Jorge.
Com um terceiro ato bastante atrapalhado, cuja uma grande cena acaba se mostrando bem ineficaz do ponto narrativo, a trama acaba desperdiçando bons temas a serem discutidos, como religião, etnia, racismo e até mesmo a profissão de chef, que por conta de reality shows passou a ser cobiçada, para ficar no mesmo.
Abe é apenas um agradável drama de costumes, que acaba falhando por encontrar seu tom numa trama rasa e sem justificativas. Se fosse uma receita, certamente seria um bolo seco e sem recheio.
Nota: 4.5/10
Com um terceiro ato bastante atrapalhado, cuja uma grande cena acaba se mostrando bem ineficaz do ponto narrativo, a trama acaba desperdiçando bons temas a serem discutidos, como religião, etnia, racismo e até mesmo a profissão de chef, que por conta de reality shows passou a ser cobiçada, para ficar no mesmo.
Abe é apenas um agradável drama de costumes, que acaba falhando por encontrar seu tom numa trama rasa e sem justificativas. Se fosse uma receita, certamente seria um bolo seco e sem recheio.
Nota: 4.5/10
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