Não dá para começar esse texto sem falar no quanto os críticos de cinema e também boa parte das pessoas tendem a achar “natural” esse pré-conceito a respeito dos filmes de youtubers. Está certo que até o determinado momento tivemos apenas o caso da Kéfera com o fenômeno de bilheteria É Fada mas que foi duramente criticado por todos, porém essa história está para mudar com a chegada do longa-metragem Eu Fico Loko, que surpreende ao nos trazer um excelente entretenimento.
O filme conta a história do Christian (Filipe Bragança) antes de se tornar o famoso youtuber, conhecemos os problemas com bullying na escola, a primeira vez com uma garota, sua paixão pelo cinema e o carinho pela avó, tudo narrado pelo Christian Figueiredo que quebra a quarta parede e explica as passagens marcantes de sua vida antes da fama.
O grande acerto desta produção está no roteiro assinado pelo também diretor, Bruno Garotti (Confissões de Adolescente), que soube transformar os vídeos do Christian e o primeiro livro “Eu Fico Loko 1”, numa história com começo, meio e fim de forma orgânica, numa maneira que não soa nem piegas e muito menos lembra algo que já tenhamos visto em algum momento. Talvez o que tenha contribuído para esse acerto é que Garotti já havia trabalhado na adaptação da série Confissões de Adolescente e querendo ou não Eu Fico Loko possuí grandes semelhança com o projeto de Daniel Filho, já que Christian faz o mesmo que Maria Mariana fez, mas no formato de vídeo, expor sua lamentações típicas da adolescente para o grande público.
Já o outro aspecto que ajudou foi contar com a presença do próprio Christian na composição do roteiro, já que ele é um cinéfilo declarado, sendo que há várias referências de grandes sucessos do nosso cinema e também por ele ser o grande protagonista dessa história.
Apesar disso, o enredo do garoto com poucos amigos que demorou para perder a virgindade, meio atrapalhado e no fim se torna um “astro” popular, já estamos careca de conhecer devido a ser fórmula mais básica de Hollywood e usada em diversos clássicos da sessão da tarde, mas como já falamos o acerto do filme foi saber adaptar de forma correta para os nossos dias e principalmente para a linguagem do cinema nacional.
Utilizar o Christian real como narrador da história e um ator para vivê-lo na ficção foi um outro acerto, assim o Christian da vida real consegue entrar em momentos cruciais e falar diretamente com o público, como faz em seus vídeos. E ter um ator vivendo sua trajetória, tornou a narrativa ainda mais crível, já que o estreante Filipe Bragança, além da semelhança física soube compor um personagem muito carismático e que ganha a plateia já na primeira aparição.
O acabamento técnico do filme também chama atenção, a fotografia é muito bem pensada, direção de arte precisa e a trilha sonora entra como motor da narrativa.
Eu Fico Loko consegue falar com os dois públicos: os que estão ligados na internet e nas redes sociais e também com o público mais velho. Além de quebrar o tabu dos filmes de youtubers serem rotulados como roubada, o longa pode gerar uma grande identificação do público afinal todos nós poderíamos ser esse loser.
Nota: 8.5/10
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