João e Maria é
certamente um dos contos infantis mais populares do mundo. Apesar de nunca ter
ganhado uma versão animada pela Disney, a fábula popularizada pelos Irmãos
Grimm ganhou o mundo e se tornou quase que um “alerta” para as crianças nunca
aceitarem doces de pessoas estranhas e de desconfiarem de qualquer bom
samaritano que cruzassem o seu caminho.
Nos cinemas,
infelizmente a história nunca encontrou uma boa repercussão, talvez pela camada
brutal de violência que acontece em seu final (e precisamos dizer que não tem
como realizar um filme voltado para as crianças que termine tendo uma bruxa
sendo assada). Porém com a chegada de Maria e João: O Conto das Bruxas,
o terror dessa história ganha sua grande oportunidade.
Maria
(Sophia Lillis) e João (Samuel Leakey) são dois jovens que precisam sobreviver
em tempos de miséria. Eles partem do vilarejo do qual são expulsos em busca de
comida e abrigo e acabam em uma floresta repleta de sombras e arrepios.
A
direção de Oz Perkins vai muito mais além do que uma simples transcrição
literal do conto dos Irmãos Grimm. Perkins cria toda uma atmosfera de terror
muito sombria, além de um trabalho conceitual absurdamente complexo.
Porém
é preciso dizer que se você é o tipo de pessoa que torce o nariz para filmes de
terror mais “cult” e sem tantos sustos e que possuem um ritmo mais lento – como
A Bruxa, Corra! e os recentes Midsommar e O Farol –
talvez esse não seja o filme que você vá aproveitar ao máximo. O filme aqui
absorve toda a sua atmosfera densa em um ritmo bem menos turbulento e não
existe um susto durante toda a sua projeção.
Além
disso o roteiro de Rob Hayes acaba sendo ajudado graças a belíssima
fotografia de Galo Olivares, que constrói planos longos e angustiantes e
que fazem com que os espectadores começam a contemplar todo aquele ambiente e
também o que está em segundo plano, ou seja, criando assim várias camadas de
interpretação e de conteúdo.
O
elenco do filme também merece o seu reconhecimento, a começar por Sophia Lillis
que brilha como Maria, uma garota esperta, desconfiada e “livre”, enquanto o
jovem ator Sammy Leakey faz um João inocente e por diversas vezes
bastante bobo. Porém quem rouba a atenção é a atriz Alice Krige, que
interpreta uma bruxa totalmente diferente do que já imaginamos. Ao mesmo tempo
que ela é muito ameaçadora, Krige consegue fazê-la ser doce, benevolente e
sutil, criando assim uma “ambiguidade moral” para uma das vilãs mais conhecidas
do mundo.
Nota: 8.5/10
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