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Crítica: Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica



Nos últimos anos, tanto a Pixar dedicou boa parte do seu tempo para as realizações de continuações de seus maiores sucessos (e uma franquia que nem tanto). Ou seja, as sequências dos sucessos de Procurando Nemo, Os Incríveis, Toy Story ou até mesmo Monstros S.A, despertou aquela no público aquela sensação de nostalgia, devido as histórias terem feito parte do seu crescimento.


Se pegarmos então de 2010 até o ano passado, foram apenas quatro longas-metragens originais (DivertidaMente, Valente, O Bom Dinossauro e Viva – A Vida é uma Festa), porém essa tradição de sequências para ser quebra em 2020, pois o estúdio traz a sua mais nova aventura original: Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica.


A história de Dois Irmãos começa com um prelúdio, narrado pelo protagonista Ian Lightfoot (voz de Tom Holland), um elfo adolescente, contando que, há muito tempo, seu mundo era dominado pela magia, usada para diversos fins e, com o avanço da ciência, os diversos povos foram aderindo às facilidades de cada novidade que surgira, até que ninguém mais dava bola aos truques dos magos elfos. Neste mundo, todas as raças da literatura de fantasia e jogos de RPG podem ser encontradas: trolls, fadas, unicórnios, centauros, gnomos e, pasmem, dragões. Ian é irmão mais novo do estranhamente descolado Barley (voz de Chris Pratt) e filho da viúva Laurel (Julia Louis-Dreyfus). A vida dos irmãos é virada ao avesso com o aparecimento de seu falecido pai (não por completo), fazendo-os entrar numa jornada de muitas descobertas.


Quem assume a direção da animação, é um veterano diretor da Pixar, Dan Scanlon (do sem graça Carros e do fraco Universidade Monstros) e podemos dizer que seu trabalho aqui é bastante dinâmico, porém em alguns momentos soa como apressado e devido aos erros do passado, parece estar querendo se redimir a todo custo e isso acaba fazendo com que Scanlon acabe acertando em partes, sendo que seu melhor acerto fica na parte da narrativa e da construção de seus protagonistas, que na versão original são dublados pelo Tom Holland (Ian) e Chris Pratt (Barley), mas é preciso dizer que a personagem Manticora (que no original conta com a voz de Octavia Spencer) rouba a cena e já de cara merece um spin-off só dela.


Além disso a qualidade da técnica da animação 3D, mais uma vez, faz com que ficamos deslumbrados com o tamanho realismo e principalmente, a atenção aos pequenos detalhes como, poeira, fios de cabelo e até mesmo a sombra dos personagens. As expressões dos rostos e a construção dos cenários estão cada vez mais sofisticados e dão aquela sensação de estarmos assistindo a um live-action.


Como todo mundo sabe, nenhum roteiro da Pixar é superficial, e aqui as camadas mais profundas, que só os mais velhos conseguem captar, trazem mensagens ousadas e muito importante, sendo a principal delas, uma personagem lésbica. A primeira personagem abertamente LGBTQ+ da história do estúdio, apesar de trazer ainda alguns estereótipos, ela consegue verbalizar com uma naturalidade sobre o seu relacionamento com uma outra mulher. Além disso, a história está lotada de grandes intenções e mensagens bastante significativas sobre luto, paternidade e perseverança, sendo que a tal magia é nada mais que uma metáfora sobre a força de acreditar em si mesmo e enxergar um mundo diversificado, onde todos os povos, independes da raça, crença ou orientação sexual, podem conviver em harmonia e respeito.


Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica é mais uma obra fantástica da Pixar e que desde Wall-E não tínhamos algo tão contemporâneo e relevante. Os mais novos vão se divertir com os momentos mais engraçados, enquanto os mais velhos com o decorrer da história novamente vão se emocionar com as mensagens. Esse é mais um clássico moderno da Pixar.

Nota: 9.5/10

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