O
cinema nacional também não passou em branco em 2019 e diversas produções
chegaram as telas. Mas infelizmente aqui listamos aquelas produções bastante
duvidosas ou que até tentaram inovar, porém acabaram fracassando.
Vamos
conferir:
Bacurau
Você
provavelmente encontrará esse filme em diversas listas dos melhores filmes do
ano, mas não se engane, porque ele não é tudo aquilo que falam. Bacurau se
tornou esse pseudofenômeno brasileiro pelo simples fato de ir contra o que a
maioria dos longas nacionais apresentam para o grande público. Nem mesmo a presença
de Sônia Braga, que já havia protagonizado o longa anterior do diretor,
consegue cativar o grande público. Bacurau carece de história, personagens e
acima de tudo de um roteiro mais atrativo, mas diante de um país em crise,
tanto política quanto financeira, Bacurau se tornou um símbolo dessa situação.
Albatroz
Tentar
fugir do mesmo padrão do cinema nacional comercial, nunca é uma tarefa fácil.
Agora imaginem pegar uma trama onde você precisa prestar atenção a todos os
detalhes ou ligar qual personagem está conectado com quem, ou seja, é uma trama
tão complexa que só uma pequena parcela da população que assiste filmes
nacionais conseguiu comprar. Mesmo tendo ótimas atuações do elenco e uma
direção bastante segura, Albatroz é um experimento que deveria ter sido
apresentado com mais tempo para o grande público.
Eu sou mais Eu
A
primeira tentativa de Kéfera Buchmann nos cinemas deu certo, É Fada, foi
um sucesso de bilheteria entre o público jovem, porém foi massacrado sem
piedade pela crítica especializada. Logo na sequência vieram O Amor de
Catarina, do qual ninguém assistiu e a primeira tentativa de conquistar o
público mais adulto com a dramédia Gosto não se Discute, ambos acabaram
fracassando nas bilheterias, porém esse segundo os críticos conseguiram notar
uma certa evolução lá do primeiro filme. Porém em 2019, a ex-youtuber resolveu
voltar ao público jovem com a comédia Eu sou mais Eu, e novamente acaba
errando a mão. A comédia é uma colcha de retalhos de todas as comédias
americanas realizadas nos anos 80 e na metade dos anos 90, porém totalmente sem
graça. A atuação de Kéfera está mais contida, mesmo assim não consegue
convencer no papel de uma cantora arrogante que volta a juventude para tentar
concertar os erros.
Leandro
Hassum é ao lado de Ingrid Guimarães um dos nomes mais comerciais do cinema
nacional, mas acaba que quase todos os seus filmes não conseguem cativar a crítica.
Em Chorar de Rir, Hassum tenta explorar o seu lado dramático em diversos
momentos e acaba falhando desastrosamente, porque é impossível comprar a ideia.
Além disso, sua duração de 103min acaba sendo bastante cansativa e quando
terminamos de assistir ao filme, fica aquela sensação: O que é que eu acabei de
assistir? Infelizmente não foi dessa vez que Hassum acertou no drama.
Assim
como Hassum, Ingrid Guimarães voltou as telas do cinema comercial nacional com
a sua maior franquia. Porém dessa vez, Ingrid resolveu competir no mesmo mês de
estreia de Vingadores – Ultimato e o resultado foi um tombo bem grande. Apesar
de ter uma boa aceitação do público, a bilheteria nem de perto consegue se
comparar com as dos dois longas anteriores e talvez nem seja culpa de tentar
emplacar o filme no mesmo mês dos heróis da Marvel, mas sim que o roteiro é o
mesmo dos demais filmes, apenas mudando algumas piadas e também a localização,
saindo de Nova York para Paris.
Olha
ele novamente! Hassum esse ano também esteve envolvido com essa comédia romântica,
que basicamente tenta imitar a premissa de O Céu pode Esperar. O longa dirigido
por Alê McHaddo tenta de todas as maneiras ser engraçado e acaba falhando
terrivelmente, porque a válvula de escape dele é inserir piadas extremamente
preconceituosas, onde envolvem desde machismo até gordofobia, ou apelar para
piadas escatológicas. As atuações são sofríveis, principalmente de Flávia
Alessandra que parece não estar nenhum pouco envolvida com os demais do elenco
e uma atuação exagerada de Hassum. O final do filme é totalmente previsível,
nada envolvente e com aquela sensação que deveríamos pedir reembolso.
Faz
um ano que Nada a Perder se tornou a maior bilheteria do cinema brasileiro,
porém isso aconteceu de maneira injusta já que a Igreja Universal comprou a
grande maioria dos ingressos para doar aos fiéis. Como nem todos se dirigiram aos cinemas, muitas sessões
apresentaram baixa ocupação. A prática não infringe qualquer lei, porém
transparece a noção de um recorde fabricado, desprestigiando um sucesso que
teria sido, por si só, bastante respeitável: é fácil notar que o filme obteve
público expressivo. Só que com o passar do tempo é possível notar que
ninguém recorda desse filme, diferente dos verdadeiros fenômenos como Tropa de
Elite e Dona Flor e seus Dois Maridos. Com isso, Nada a Perder 2 chegou aos
cinemas nacionais totalmente sem grandes expectativas e a única dúvida que
pairava era: Qual vai ser a bilheteria dessa vez e se novamente a Igreja
compraria os ingressos outra vez. O que acaba acontecendo é que ele passa ainda
mais despercebido que o primeiro filme e fica concluído que nada mais é que uma
tentativa de promover a imagem de Edir Macedo, como um grande Deus, coisa que
sabemos que ele não é. Ah e sobre a bilheteria, esse conseguiu o feito de ter
ainda mais salas vazias que o primeiro filme.
Os Parças 2
Quando
Os Parças estrearam nos cinemas em 2017, foi extremamente massacrado pela
crítica que ninguém esperava uma sequência, até porque ele não foi um sucesso
comercial. Passados quase dois anos, eis que agora no finzinho de 2019, fomos
amaldiçoados com a chegada de Os Parças 2 e MEU DEUS DO CÉU, que filme
horrível. Não existem palavras para descrever o quão desastroso é esse longa e
como ele acaba não se encaixando no cinema de gênero em pleno 2019.
Sai de Baixo – O Filme
Eles
foram a família mais engraçada e disfuncional da televisão brasileira nos anos
90 e esse ano eles invadiram as telas do cinema. Sai de Baixo - O Filme foge da estrutura de teatro filmado do elogiado
programa para seguir com as próprias pernas numa road trip – só que bem às
avessas. A principal diferença entre o que víamos nas telinhas e o que é
exibido na telona é justamente a passagem de tempo e a adição de alguns
personagens, porque o essencial, por bem ou por mal, permanece. Ver a família
que conquistou o público entre 1996 e 2002, de começo até consegue divertir um
pouco, mas logo depois podemos perceber que as coisas parecem desandar. É como
se aqueles personagens, caricatos como sempre foram, não se encaixassem na vida
real, no mundo afora. As piadas mantêm-se as mesmas, algumas até com certo teor
pejorativo, o que pode incomodar espectadores que não consigam enxergar o
estilo da produção como propositalmente incorreto, ou até crítico para com as
questões sociais de um país como o Brasil. Infelizmente Sai de Baixo
cumpre apenas aquela pontada de nostalgia dos anos 90, porque de resto é muito
descartável.
Socorro, Virei uma Garota!
Já pelo título, pode-se perceber muito
claramente o intuito de Socorro, Virei
uma Garota!: por mais que busque uma identificação popular, ao
mesmo tempo escancara um pânico em torno do que é ser mulher. O enorme
problema deste longa-metragem é o tom dedicado por seu roteirista, Paulo
Cursino. Se a escolha por um olhar masculinizado é até mesmo óbvia devido ao
contexto da narrativa, nada justifica a presença de vários diálogos e situações
que reduzem as mulheres ao estigma da beleza acima da inteligência ou mesmo da
falta de capacidade em fazer algo além de ir ao shopping ou festas. Falta
sensibilidade ao roteiro em entender e reproduzir o universo feminino, no
sentido de promover uma transição entre o estereótipo e a vida real que tão bem
ajudaria o filme no sentido de desenvolvimento do personagem principal.
O filme até tem poucas ideias bacanas, mas na maioria é um desastre só.
*** MENÇÕES HONROSAS ***
Legalidade
Por mais que o Brasil possua uma diversidade temas interessantes a serem abordados no cinema, foram poucos desde a sua retomada que preferiram contar um pouco da história nacional, principalmente aqueles com viés político. Em 2019, Legalidade parecia ter chegado para suprir essa falta de filmes de cunho, porém a direção de Zeca Brito consegue que ao mesmo tempo ser bem intencionada quanto questionável. Sobre o elenco todos tentam de alguma forma se sair bem nos papeis, porém o único grande destaque fica pela atuação póstuma do ator Leonardo Machado. O resultado final é que Legalidade tem competência em retratar aquele período, porém por outro lado apresenta dificuldades em criar situações a partir dele.
BIO - Construindo uma Vida
Se apoiando na ideia de um mockumentary, o mais recente filme do diretor gaúcho Carlos Gerbase trazia uma história de uma pessoa sem precisar nos apresenta-la fisicamente. Ou seja, parecia uma experiência bem interessante, só que o problema é exatamente esse. Como acabamos acompanhando tantos depoimentos através das décadas, algumas situações acabam soando mais fantasiosas que realistas. Bio - Construindo uma Vida é de fato um filme original e irreverente, mas que se perdeu no caminho.
0 Comments:
Postar um comentário