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Críticas

Crítica: Doutor Sono



Quando foi lançado em 1980, O Iluminado, gerou diversas reações bem mistas. Essa adaptação de um dos livros mais famosos de Stephen King desagradou o autor e seus fãs. Diante de tantas mudanças significativas no desenvolvimento de seus personagens, como na condução da história e principalmente no desfecho final, King sempre pontuou em diversas entrevistas que boa parte da essência do livro faltou naquela adaptação. Passados quase 40 anos, King lança uma sequência para aquela história e que esse ano ganharia uma adaptação cinematográfica.



A história se passa cerca de 40 anos depois de “O Iluminado”, com Danny – agora Dan – (Ewan McGregor) já sabendo lidar com alguns fantasmas do passado, mas não o mais relevante de todos. Ele, a exemplo de seu pai, tornou-se um alcoólatra, que busca por algum tipo de redenção. Enquanto isso, um grupo de “vampiros” que se alimentam dos poderes de pessoas iluminadas descobrem uma garota chamada Abra (Kyliegh Curran) que tem poder suficiente para saciá-los por muito tempo.


É preciso dizer que Doutor Sono é uma produção bastante complicada diante sua proposta. O livro que deu origem, ignora toda a existência da obra de 1980, o que acaba criando um desafio bem maior para essa sequência e seus acontecimentos. Mas como esse longa-metragem tem um roteiro bastante eficiente, ele consegue continuar os trabalhos de Kubrick e ao mesmo tempo não abandona o livro de Stephen King. Ou seja, é quase um pedido de desculpas pelos erros ocorridos lá nos anos 80.


Quem ficou encarregado de cuidar da direção dessa sequência foi Mike Flanagan (que já havia comandado uma adaptação do autor para a Netflix, Jogo Perigoso), que também assina o roteiro do filme. Narrativamente, Flanagan consegue manter uma conexão bem mais direta com seu antecessor, só que isso é o ponto negativo. Embora as homenagens ao clássico sejam realmente belas, o ato final acaba se tornando excessivamente longo e deixa aquela sensação que tudo poderia ter sido bem mais curto. Se tirássemos 20/30min finais, realmente não fariam diferença, fora que teríamos um longa com um ritmo muito mais agradável e termos um final para Dan bem mais próximo do livro.


Porém é preciso dizer que tirando a monotonia da sua primeira parte, onde ocorre toda a apresentação dos personagens e seu desfecho final extremamente longo, o segundo ato é onde possui o ritmo mais agradável e que Mike Flanagan consegue conduzir melhor os momentos de terror/suspense, além de trazer uma grande carga emocional.


Ewan McGregor está realmente muito bem no papel, onde apenas com um olhar ele passa o que o personagem está sentindo ou querendo dizer, além de que nos momentos finais nos entrega sua melhor atuação em alguns anos. Porém quem brilha aqui, é Rebecca Fergunson. A atriz que dá vida a grande vilã do filme, tem tudo aquilo que amamos odiar em uma personagem: toques de malícia e diversão. Sem sombra de dúvidas, o melhor papel até o momento na carreira de Fergunson. Outra que merece destaque também é a atriz mirim Kyliegh Curran, que já aponta como um dos grandes nomes para a próxima geração de atrizes.


Doutor Sono é um ótimo filme de suspense, porém sua longa duração (2h33) deixa a sensação de que poderíamos ter encurtado a história para aproveitar mais. Mas diante de O Iluminado, podemos dizer que Stephen King deve ficar feliz com essa sequência.


Nota: 8.0/10

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