As produtoras já
conseguiram perceber que a música cada dia mais está levando o público em peso
para as salas de cinema, vide os recentes sucessos das cinebiografias de Bohemian
Rhapsody e Rockteman, e até mesmo no romântico e recente Yesterday.
Em A Música da minha Vida não necessariamente estamos narrando a ascensão
de um astro da música mundialmente conhecido, mas sim o poder que essas pessoas
tem de mudar a vida de outras com o seu trabalho.
Durante toda a sua vida, Javed se
viu obrigado a viver conforme as regras do pai, com base nos costumes
paquistaneses e impossibilitado de seguir seu sonho de ser escritor. Aceitar
essa realidade quadrada dói no personagem e no público, que se conecta com o
sofrimento de Javed e se familiariza com “os sonhos que parecem impossíveis”.
Grande parte se deve a emoção que Viveik passa nas telas. Ao mesmo
tempo que sentimos satisfação ao vê-lo sorrir, também sentimos a raiva e a
inquietação presentes do coração do personagem.
Por ser tratar de uma história baseada em fatos reais
e no livro de Sarfraz Manzoor, a direção de Gurinder Chadha (dos ótimos Driblando
o Destino e Gatos, Fios-Dentais e Amassos) apresenta situações e
problemas que podem acontecer em nosso dia a dia. O preconceito é bem explorado
no longa, já que a época em que é ambientada a história é um dos períodos mais
conturbados da história do Reino Unido, principalmente se tratando de
imigrantes e judeus, em uma cidade de grande predomínio branco. Além disso
podemos ver a importância que o roteiro dá ao conservadorismo da família de
Javed, isso vai desde questões religiosas até mesmo na parte cultural e econômica.
O núcleo dramático da família principal conquista logo de cara o público,
principalmente na relação entre pai e filho. O pai, Malik (Kulvinder Ghir), vai
crescendo durante o filme, onde ele começa sendo bastante abusivo e autoritário,
mas que vai aos poucos se tornando bem mais próximo do filho e o apoiando na
busca do seu sonho.
Vale também ressaltar que a personagem Eliza (Nell
Williams), mesmo se encaixando nos padrões britânicos, ela em momento algum tem
medo de lutar pelos direitos desses imigrantes e acaba também se tornando uma grande
aliada de Javed.
A trilha sonora é outro ponto muito importante dentro
da trama, já que conta com grandes sucessos de Bruce Springsteen, que aqui
ganham além da voz original do cantor, a do próprio ator que interpreta Javed.
Praticamente os dois álbuns que ganham mais destaque são Born in the USA e
Blinded by the Light, que é o nome original do filme. O mais interessante é que
o filme consegue cativar até mesmo quem não conhece o trabalho de Bruce. Talvez
o único ponto negativo aqui seja a falta de exploração de outros sucessos do
cantor.
A Música da minha Vida é aquele
filme que assim que acaba você sente uma paz de tão feel good que ele é, e isso
é mérito muito da direção de Gurinder. Divertido, cativante e sensível, esse longa
certamente vai figurar na lista das melhores surpresas do ano.
Nota: 9.5/10
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