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Críticas

Crítica: O Doutrinador


Podemos esquecer as capas e principalmente os super poderes, o mais recente super-heróis que desembarca no cinemas é brasileiro e não tem o poder de voar, não é nenhum pouco rico e muito menos conta com o apoio de uma equipe para destruir um poderoso vilão que quer acabar com a terra.


Em O Doutrinador Miguel é um agente federal altamente treinado que tem como combustível para sua trajetória uma tragédia pessoal e sua profunda indignação frente a um país repleto de políticos e empresários corruptos.


É a partir desse ponto que o público passa a estabelecer uma conexão com o protagonista, afinal, quem nunca quis ter o seu dia de fúria e descontar essa raiva que guardamos, principalmente, de um sistema como o nosso, que acaba punindo quem faz o bem e bonificando quem inflige a lei.


Será que realmente o Brasil está preparado para O Doutrinador? Essa pergunta deveria ter sido levantada pelos produtores do filme, afinal a data inicial de estreia estava marcada para o mês de setembro, em plena corrida eleitoral, porém com a alteração o filme chega apenas hoje (4 dias depois do término das eleições).


Como um povo que acredita cegamente em Fake News vai ser capaz de discernir o que é realidade e o que é ficção? Pode até parecer estúpido pensar dessa forma, mas vivemos em um país polarizado, onde as pessoas cada vez mais estão sendo agredidas pelo simples fato de pensarem diferente. Acredito que O Doutrinador pode acabar, sim, desencadeando um gatilho muito perigoso: despertar dentro de cada um de nós esse justiceiro que acaba enxergando no porte de arma e na violência a maneira mais fácil de se fazer justiça.


É bom ressaltar que o contexto que o filme está sendo lançado, vai gerar muitas indagações e é preciso prestar muita atenção no efeito que esse longa vai causar nas pessoas. Só que esse tiro pode muito bem sair pela culatra e não seria a primeira vez que o brasileiro usaria um pretexto tão “imbecil” para justificar as suas ações.


Mas vamos voltar ao filme, existem muitos méritos a serem pontuados, como as cenas de ação, que são muito bem executadas, as atuações estão muito convincentes e conseguem dar uma boa profundidade a trama, além de uma fotografia que faz a gente ficar bem impressionados.


Um outro ponto positivo é a maneira que ele lida com a política: totalmente neutro. O inimigo aqui não é de esquerda e nem de direita, são políticos corruptos que estão presentes em todos os meios, inclusive ele não perdoa nem mesmo os pastores.



Mas como nem tudo em um filme é perfeito, em O Doutrinador também existem algumas falhas, como a transição do Miguel policial para o Miguel justiceiro. Existe uma boa motivação para o personagem, só que o roteiro é praticamente movido por uma série de coincidências. Dentre elas a mais gritante de todas: o momento em que a máscara do herói cai na frente de Miguel em meio a um protesto. Se não bastasse isso existe uma pessoa filmando o momento e que poderia incrimina-lo facilmente, é nada mais nada menos que a hacker mais p******a da galáxia e que se tornar seu fiel escudeiro.


O Doutrinador é um bom filme, tanto que vai ganhar uma série de televisão em 2019 e uma possível sequência, porém no momento atual do Brasil esse filme deve soar como um sinal vermelho para um gatilho poderoso. No mais, o público vai embarcar facilmente nessa história e principalmente, vai querer saber mais desse herói.


Nota: 8.0/10

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