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Críticas

Crítica: A Forma da Água


Há 12 anos atrás Guillermo del Toro nos presenteou com o belíssimo e premiado O Labirinto do Fauno (2006). Para os fãs da obra e para os amantes desse gênero de fantasia adulto, a espera por um novo clássico acabou, pois entra hoje em cartaz no Brasil, A Forma da Água, um romance entre uma mulher e uma criatura marinha, que nada mais é que uma mistura de diversos elementos que já conhecemos e uma estrutura de fantasia fantástica, que funciona muito bem.


Ambientado em 1962, o filme conta a história de Elisa, uma mulher muda funcionária da equipe de limpeza de um secreto laboratório de pesquisas, que se apaixona por uma criatura aquática que está sendo estudada no local. Ambientado na Guerra Fria, além dos temas já citados, o longa também fala do abuso de poder, machismo, homofobia e amizade.


Assim como aconteceu em O Labirinto do Fauno, a direção de Del Toro consegue colocar os elementos fantásticos em meio a narrativas da nossa própria realidade, sem deixar que a história torne-se inverossímil. É impossível não acabar se identificando com a Elisa, que acaba se apaixonando pela criatura que, assim como ela não possui uma fala e também é incompreendida pelos demais. Talvez o que destoe da trama sejam as cenas eróticas que o diretor aposta para fugir desse padrão fantasioso que muitos esperavam encontrar. Para impedir que essa história de amor tenha um final feliz, temos Michael Shannon, novamente, como um vilão capaz de fazer as maiores atrocidades e que o público vai torcer para que tenha um final digno daqueles vilões de novela.

E como temos a ótima atuação de Shannon, temos Sally Hawkins em um dos melhores papeis de sua carreira, onde a atriz consegue conversar com o público apenas com o olhar e acaba carregando o filme nas costas. Doug Jones também consegue realizar um ótimo trabalho como a criatura fantástica, mas quem também rouba como sempre, é a talentosa Octavia Spencer, que novamente surge como o alívio cômico e acaba sendo extremamente carismática diante do público. Richard Jenkins e Michael Stuhlbarg apesar de estarem muito bem no filme, seus personagens acabam se destoando dos demais.


Em uma das melhores sequências do filme, a cena onde os protagonistas tentam fugir do laboratório com a criatura, a direção de Guillermo se destaca por conta dos planos rápidos e ágeis, que exploram muito bem os cenários e aprimora tudo isso com uma montagem muito bem ritmada durante todas as ações que acontecem no mesmo momento. O tom azul-petróleo que está presente no filme inteiro, acaba nos remetendo ao tom do mar quando estamos dentro do laboratório e nas cenas que se passam do lado de fora, a cor muda para tons completamente diferentes.


A Forma da Água é um filme poderoso, bonito e tocante, mas que infelizmente não deve ser apreciado por todos. Não é um filme fácil de ser assistido, mas certamente quem comprar a ideia do diretor, vai mergulhar fundo nessa bizarra e apaixonante história de amor.

Nota: 9.5/10

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