Desde Guerra ao Terror a diretora Kathryn Bigelow tem trazido cada vez
mais em seus trabalhos os problemas que cercam figuras e organizações
governamentais dos Estados Unidos. Depois de apresentar o modo como a CIA
utilizava torturas em interrogatórios contra prisioneiros políticos em A Hora mais Escura, em Detroit
em Rebelião, o seu mais novo projeto traz um dos assuntos mais
pertinentes e recorrentes no país: o abuso do poder dos policiais brancos
contra negros.
Usando um acontecimento
trágico do final dos anos 60, durante o ápice das rebeliões em bairros pobres
de Detroit: o incidente no Motel Algiers. A história foca em quatro
personagens: o vigia noturno Dismukes (John Boyega); o policial racista Krauss
(Will Poulter); e os amigos Frank (Algee Smith) e Fred (Jacob Latimore). Os
quatro acabam se envolvendo no incidente do motel, quando a polícia é avisada
que um possível atirador estava escondido em um dos quartos do local.
Apesar de ser focado nesse
acontecimento, o longa demora para chegar ao seu grande ápice, já que o roteiro
busca mostrar como a discriminação racial cresceu nos Estados Unidos e a origem
das rebeliões nos primeiros minutos do longa. E mesmo quando chegamos no
momento que esperamos, que é o seu desfecho, já estamos cansados devido a sua
longa duração, o que acaba deixando o filme bastante maçante.
A direção de Bigelow é
muito eficiente e acaba fazendo com que o espectador sinta-se dentro dos
acontecimentos, graças a uma constante câmara que acompanha de perto tudo que
acontece nos momentos mais ágeis do filme e ao mesmo tempo quando precisa
manter a câmara parada e focada, a diretora consegue captar ótimos planos e
sequências, principalmente em seus protagonistas.
O elenco todo vale a pena
dar destaque, porém quem consegue chamar a atenção do público são os atores
John Boyega e Will Poulter, que nos entregam um dos melhores papeis dos atores
em tempos. Boyega consegue passar todo o sofrimento e pesar de seu personagem
só com um olhar enquanto que Poulter dá uma vivacidade tão real que o nosso
ódio pelo policial é notável.
Não é um filme muito fácil
de assistir principalmente quando assistimos as cenas de violência tanto física
quanto verbal contra os negros. É como se estivéssemos recebendo vários socos
no estômago.
Detroit
em Rebelião é um filme muito
importante, apesar de apresentar alguns problemas, ele consegue compensar pela
maneira que envolve o público. Além disso, Bigelow cada vez mais se firma como
uma das melhores e mais importantes diretoras da atualidade.
Nota: 7.5/10
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