Antes
de começar essa crítica preciso reforçar que esse filme não se trata de um
remake ou coisa parecida. Para quem não sabe existe uma versão desse filme
lançado em 1971, dirigido por Don Siegel e estrelado por Clint Eastwood, na
época de lançamento do filme ele acabou chocando boa parte do público por
mostrar um beijo de um homem mais velho em uma menina de 13 anos, além de ter
uma forte trama machista. Eis que agora em 2017, Sofia Coppola esquece
totalmente a obra de 71 e decide tomar como ponto de partida para o seu novo
filme, o livro de Thomas Cullinan e consegue nos entregar uma obra bem mais
simples e conservadora.
No filme que se passa na
Virginia no ano de 1864, nos primeiros anos da Guerra Civil, John McBurney
(Colin Farrell) que foi ferido em combate, é resgatado pela jovem Amy (Oona
Laurence) no bosque. Ela o leva até a casa onde mora, um internado de mulheres
que é comandado por Martha (Nicole Kidman). Elas resolvem cuidar do soldado, mas
aos poucos, todas acabam se interessando por ele, especialmente Edwina (Kirsten
Dunst) e Alicia (Elle Fanning), com isso cria-se um ambiente em que a libido
reina no ar.
O roteiro também
desenvolvido por Coppola é bastante conciso ao narrar todo esse envolvimento
das mulheres com o único homem dentro da casa, cada uma em um grau distinto, a
relação do desejo e do encantamento funcionam muito bem entre Farrell e as
mulheres da casa, isso basta para acreditarmos no que está acontecendo em tela.
O ponto mais interessante
da obra criada por Sofia é todo o clima gótico com ares de horror e de um
suspense bem light. Ela desenvolve uma narrativa que caminha entre a tensão de
que a qualquer momento pode dar algo errado. Além disso a fotografia toda com
luz natural, a falta de uma trilha sonora e a palheta de cores, tudo isso
contribui para criar esse cenário mórbido.
Se a história não atrair o
público, o elenco consegue fazer isso por si só, e talvez sejam eles que
consigam dar o verdadeiro peso para a obra. Os grandes destaques da trama ficam
por conta das atuações de Kirsten Dunst (Melancolia e a trilogia Homem-Aranha)
e Colin Farrell (Por um Fio e Animais Fantásticos e Onde Habitam), que de uma
maneira mais reservada conseguem dar vida a esses personagens de uma maneira
brilhante. Não querendo dizer nada, mas quem sabe não teremos uma indicação de
Dunst nas premiações do ano que vem.
O Estranho que nós Amamos é
de certa forma um filme conservador e de certa maneira bastante modesto,
principalmente se formos levar em conta o seu elenco e também sua diretora. Poderia
ter sido mais aproveitado talvez, mas independentemente do resultado é uma boa
diversão.
Nota: 7.5/10
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