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Crítica: O Castelo de Vidro


Sabe quando temos a sensação de estar vendo um filme que poderia ter sido muito mais bem aproveitado se tivesse um lançamento em um período diferente? Então é mais ou menos isso que acontece com O Castelo de Vidro, cinebiografia do diretor e roteirista, Destin Daniel Cretton, que traz tudo que a academia do Oscar adora. Ainda é cedo para dizermos se ele entrará ou não na disputa, mas que ele tem chances, isso é inevitável de dizer.


A trama segue as memórias de Walls (Brie Larson) que passou a infância pobre com seus 3 irmãos e seus pais vivendo em diferentes lugares dos Estados Unidos. A mãe de Walls, Rose Mary (Naomi Watts) era uma artista que por vezes dava mais atenção aos quadros que pintava do que aos filhos, enquanto o patriarca Rex (Woody Harrelson) vivia tendo problemas com álcool, arrumava confusão com as autoridades e por vezes tratava os filhos com grosserias. Prestes a casar, Jeannette se vê obrigada a novamente encarar Rex e Rose, ainda que isto não seja de todo seu agrado.


Mesmo que o roteiro assinado pelo diretor e também pelo roteirista Andrew Lahan acaba errando em alguns momentos, por escolher um sentimentalismo muito barato e alguns diálogos rasos que acabam tentando parecer poéticos demais, podemos dizer que toda a construção do relacionamento de Jeannette e Rex é mais que satisfatória e tudo acontece de uma forma bastante natural. Se quando ainda na juventude ela aceitava com uma certa facilidade as atitudes nenhum pouco éticas do pai, é mais que natural que na medida que ela vai crescendo comece a contestar essas ações não só pelo seu próprio bem, como também para o bem dos irmãos.


Talvez o que mais incomode é a maneira que a obra escolhe de representar os atos de Rex ao longo do filme. Para cada atitude repressora do personagem contra Jeannette ou qualquer outro membro da família, é seguida por uma cena de quase redenção do pai, como se tudo aquilo que ele faz tivesse uma justificativa. Mesmo que isso deixe o personagem do Rex mais humano – e é nesse ponto que a obra cativa, porque eles erram e acertam ao longo do filme – parece que o filme tenta a todo pano passar a mão na cabeça de Rex e isso deixa com que o público fique um pouco confuso com essa escolha.


Quem realmente acaba roubando toda a atenção do filme para si é o elenco. A vencedora do Oscar, Brie Larson, se mostra o grande acerto do filme e nos entrega uma atuação esplendida, onde ela consegue mudar com uma naturalidade a postura de sua personagem conforme a obra vai ganhando formas, tanto no presente quanto no passado. O veterano ator, Woody Harrelson, nos entregue uma performance arrebatadora e tem grandes chances de aparecer nos prêmios do ano que vem. Já a atriz Naomi Watts, mesmo aparecendo mais tímida em tela, sua presença condiz bastante com a personagem, mas quando é preciso expor toda doar e desespero, é aí que ela nos surpreende.


O Castelo de Vidro é um filme que te deixa com aquele nó na garganta e principalmente, como se tivéssemos levado um soco no estômago. Não será um filme para todos, mas quem for e comprar a ideia, prepare-se para ser surpreendido a um dos melhores dramas desse ano.

Nota: 8.5/10

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