O diretor Edgar Wright é sem
sombra de dúvidas um dos nomes dessa nova geração de diretores, principalmente
por sua criatividade e sua ousadia, que além de abusar dos efeitos visuais de
uma maneira brilhante, sabe conduzir e contar uma história como poucos
diretores sabem. A maneira que Wright escolhe narrar em boa parte lembra muito
o estilo de Demian Chazelle, porém aqui o diretor se sobressai em termos de
inovação e de proposta comparado a Chazelle.
No seu mais recente trabalho, Em
Ritmo de Fuga, o diretor nos leva para o mundo de Baby (Ansel Elgort), um rapaz que precisa estar sempre
ouvindo músicas com seu fone de ouvidos para silenciar um zumbido que o
perturba desde um acidente ainda na infância. Apesar desse habito pouco
convencionou ele é um excelente motorista e por isso acaba indo trabalhar com
uma gangue de criminosos, tudo está indo bem, já que ele estava prestes a
largar esse trabalho marginal, mas um assalto no correio americano acaba não
saindo como planejado e Baby irá entrar em rota de fuga.
A apresentação dos dois
primeiros atos é simplesmente incrível, a maneira que Wright escolheu para
apresentar os principais personagens que estarão envolvidos no arco principal
da história e também por saber construir um enredo que envolve e que está
repleto de camadas, que acabam envolvendo o espectador a embarcar nessa
alucinante e intensa corrida. Se formos destacar algo negativo do longa, talvez
seja a maneira que o clímax é conduzido, que acaba caindo um pouco no clichê e
nos lembrando alguns outros filmes do gênero. Mas o diferencial é que aqui, ele
consegue ser clichê e novo ao mesmo, graças a direção de fotografia e a
montagem, que faz com que acabemos fazendo parte dessa perseguição.
Nos dois primeiros atos, o
diretor conduz a história através dos ritmos das músicas que vão embalando a
trama, tudo que é apresentado em tela é de acordo com o ritmo da música que
está sendo apresentada, desde um simples fechar de porta até mesmo um objeto
que é posto em mesa. É uma experiência única assistir e principalmente é para
ser apreciado tanto com os olhos quanto com os ouvidos.
Para quem adora um ótimo
plano sequência, Em Ritmo de Fuga,
nos entrega um plano de mais de cinco minutos que faz qualquer amante da sétima
arte babar diante da precisão coreográfica de cada elemento posto em cena.
A trilha sonora é
simplesmente de matar, variando de canções românticas a clássicos do rock, tudo
foi escolhido milimetricamente para dar ritmo a narrativa, e junto da trilha,
temos uma das melhores montagens de filmes dos últimos anos.
O elenco todo está ótimo,
mas quem rouba a atenção toda do filme é o Ansel Elgort (o Gus de A Culpa é das
Estrelas), que sem falar muito no filme, consegue conquistar o público só com
seus olhares e suas expressões faciais. Um trabalho maduro desse jovem ator e
que com certeza deve figurar entre os nomes nas premiações 2018. Os veteranos
Kevin Spacey e Jamie Foxx também conseguem roubar a atenção, um por conseguir
ter um timming perfeito para soltar as piadas no momento certo enquanto o que
outro tem toda a dualidade que o personagem pede. Já as nossas beldades ficam
por conta da mexicana, Eiza Gonzalez, que faz seu debut nos cinemas depois de
fazer um enorme sucesso na televisão e mesmo tendo uma atuação no automático,
consegue chamar mais atenção que a própria Lily James, que continua tendo uma
atuação bastante insegura e muitas vezes soando fora do tom dos demais.
Em Ritmo de Fuga é disparado um dos melhores filmes do ano e com certeza merece ser visto
por todos. Mesclando boas doses de ação e humor, a história de Baby tem tudo
para virar mais um cult do diretor.
Nota: 10/10
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