Nem
havia estreado e Quatro Vidas de uma Cachorro já havia se tornado um dos assuntos mais comentados em diversos
sites de notícias e entretenimento. O motivo não poderia ser pior: uma denúncia
sobre maus-tratos a um dos cachorros do longa. Boa parte do público parece
estar disposto a boicotar o longa-metragem, sendo que o ideal para um filme ter
grande sucesso é o boca-a-boca positivo e pelo visto não vamos vê-lo por aqui.
Quem comanda o filme
é o diretor alemão Lasse Hallström, que já tem uma certa paixão pelo melodrama
e que também já havia explorado essa relação homem e seu fiel companheiro em Sempre
ao seu Lado. Aqui a história segue (como o nome já diz) as quatro encarnações de um mesmo cachorro
(na verdade são cinco, mas isto é mero detalhe). Na primeira, como o cão
Bailey, que possuí uma forte relação com seu dono Ethan (Bryce Gheisar, K.J.
Apa e depois Dennis Quaid); a segunda como uma cadela da força de polícia; a
terceira como um corgi que acompanha a evolução da vida da doce Maya (Kirby
Howell-Baptiste); e por fim, a quarta vida, na qual ele reencontra seu primeiro
dono.
A
narrativa tenta oferecer uma complexidade envolvendo à persona do nosso cão
protagonista, só que infelizmente acaba falhando tristemente nisso. O cachorro
aqui é apresentado como um personagem unidimensional, que busca apenas brincar
e que possui uma inocência que jamais consegue perceber quando algum humano
está realmente bravo com ele. Outra coisa, os desejos e angustias
experimentados pelo cachorro tem como foco somente no dono do mesmo. Sendo
assim, o cachorro que deveria ser o protagonista principal da trama acaba se
tornando um antagonista, que serve apenas de suporte para o seu dono, numa
tentativa falha de reforçar a ideia de “melhor amigo do homem”.
De
todos os personagens, Ethan é talvez o maior problema do longa inteiro, a
começar pela falta de história envolvendo o personagem. Ethan é apenas um
garoto que tinha o desejo de ter um cachorro e quando ele consegue, eles se
tornam melhores amigos e ele o leva para todos os lugares. O restante dos fatos
envolvendo a vida de Ethan são tão rasos, fáceis e simples, que parece que estamos
assistindo a uma família típica de comercial de margarina.
Por
mais que isso seja clichê, o filme deveria ter continuado apostando nessa
simplicidade para dar composição a vida do personagem, porque quando o roteiro
resolve colocar algum tipo de empecilho, soa como superficial e desnecessário.
Para termos uma ideia, os conflitos escolhidos são velhos conhecidos do grande
público como: Uma briga na escola, o pai alcoólatra e o fim do namoro motivado
por uma briga, só que aqui soa tudo como irritante e novamente, superficial,
para a vida do rapaz, porque é tudo previsível e em alguns casos não temos uma
resposta clara para determinados fatos.
Dos
três atores que interpretam o personagem Ethan ao longo da vida, talvez Dennis
Quaid seja o que se saia melhor, já que sua participação em tela é mais curta.,
o restante do elenco não apresenta química alguma ou surgem em tela como se
estivessem sendo obrigados a fazerem aquele personagem.
Como
foi dito no início, o diretor tenta por diversas vezes buscar o choro fácil do
grande público, criando sequências dramáticas cheias de closes nos rostos dos
cachorros tristes, embaladas pela trilha sonora melancólica de Rachel Portaman.
Falando na trilha sonora, a direção faz questão de utilizar ela a todo momento
durante o longa e esse excesso de trilha faz com que o filme fique com mais
cara de um telefilme.
Quatro
Vidas de um Cachorro poderia
ser um longa bem melhor se houvesse um cuidado maior com a direção, o roteiro e
também com a polêmica envolvendo o filme poderíamos ter um filme que iria
certamente arrancar alguns sorrisos do público.
Nota:
4.5/10
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