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Críticas

Crítica - Beira-Mar

 

Em 2014 o cinema brasileiro foi contemplado com um belíssimo filme que chegou de mansinho como se não quisesse nada e conquistou a todos, claro que estamos falando de “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”. Diante do sucesso e da escolha do longa que representaria o Brasil na disputa de uma vaga no Oscar 2015, ele abriu caminhos para que outras grandes obras fossem chegando ao nosso cinema e assim conquistando a nossa atenção. E chegando agora no fim de 2015, somos contemplados com outra obra, mais “cult” e sem aquele apelo popular, estamos falando do recém estreado Beira-Mar. 

 
O longa acompanha Martin e Tomaz que viajam para o litoral gaúcho. Martin precisa encontrar um documento para o pai na casa de parentes, e Tomaz decide acompanhá-lo. Os dois acabam abrigando-se em uma casa de vidro à beira-mar, a fim de fugir da rejeição familiar de Martin e da estranha distância que surgiu entre os dois.

Com uma direção delicada dos estreantes Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, Beira-Mar nos contempla com uma história sobre amizade e descobertas. A delicadeza que os diretores escolheram para contar a história é incrível, ficamos envolvidos desde o primeiro plano até mesmo a cena final. O roteiro escrito por eles também merece o seu destaque, afinal em momento algum eles quiseram contar uma história de amor e sim nos entregaram em 1h20 uma história sobre as descobertas que fazemos em um determinado momento de nossas vidas. 


Outra salva de palmas vai para os atores Mateus Almada e Maurício José Barcellos, que nos entregaram uma atuação arrebatadora. Martín é o exemplo perfeito do adolescente cheio de dúvidas, tanto em seu caminho quanto no seu íntimo enquanto que Tomaz é o seu oposto, é um garoto que já sabe o que quer mesmo que seu maior segredo ou talvez desejo ainda não seja alcançado. A parceria de Mateus e Maurício é um dos pontos mais altos do filme, porque sentimos que eles se conheciam realmente há tempos devido a sintonia que os dois passam em tela. Em uma determinada cena, Martín olha para o Tomaz de uma maneira que quem está olhando o filme fica realmente mexido, porque assim como ele, não sabem o que vai acontecer na cena seguinte. Aquele olhar que pode ser interpretado de diversas formas: desde um olhar de carinho até mesmo um olhar que sabe que algo pode estar surgindo. Mas não é só os olhares de Martín que roubam a cena, Tomaz também tem seus momentos. Os olhares que o jovem faz para as algumas situações envolvendo Martín, deixam o público atento a algo que pode vir a acontecer. Não é um olhar comum, mas também não é o olhar de alguém apaixonado. São olhos de quem tem dúvida sobre o que está acontecendo de verdade naquele lugar e naquele momento.


A fotografia do filme está incrível e as locações parecem ter sido feitas especialmente para o filme e o destaque fica pela casa onde se passa a maior parte do filme. As músicas funcionam bem na maior parte das cenas mas o que chama mais atenção é o som das ondas quebrando em diversos momentos chaves do filme. 

 
Beira-Mar chega aos cinemas nacionais para se juntar ao time de outras grandes produções independentes que merecem todo o respeito e atenção do público. Com uma história mais séria mas que não deixa de ter sua sensibilidade e ainda nos contempla com atuações e direções brilhantes. Sem sombra de dúvida um dos melhores filmes independentes brasileiros lançado no ano de 2015. 

Nota: 9/10

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