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Críticas

Crítica: Ford vs Ferrari


Não é preciso dizer que biografias que retratam algum momento marcante do esporte tendem a cair no melodrama desnecessário e transformando esses momentos em verdadeiros dramalhões mexicanos. Agora imaginem quando um diretor decide transformar uma rixa automobilística dos anos 60, da qual somente os mais aficionados por corridas ouviram falar em um filme de duas horas e meia. Bom, James Mangold (Logan) é o responsável por Ford vs Ferrari, longa que chegou ontem no Brasil.


O longa-metragem chega com um elenco de peso para retratar uma missão bem difícil: a briga entre a montadora americana e a italiana que culminou na corrida das vinte e quatro horas de Le Mans de 1966, na França. A rivalidade surgiu quando Enzo Ferrari recusou a compra da marca pela Ford Motor Company no momento em que viu que a compra incluía, também, o programa automobilístico da Ferrari. Com a negociação frustrada, Henry Ford II escalou o designer automotivo e ex-piloto Carroll Shelby (Matt Damon) para desenhar um carro que pudesse se comparar à potência da escuderia europeia. Shelby, por sua vez, escolheu o desbocado motorista profissional britânico Ken Miles (Christian Bale) para ser seu piloto na empreitada, desafiando as leis da física e da montagem de carros à época, e, assim, criar o modelo Ford GT40 a fim de competir na Le Mans ’66.


Você deve estar se perguntando: mas o que torna essa história do embate entre a Ford e a Ferrari tão interessante? Então não é necessariamente a sua parte técnica e sim, a emoção que a prova decisiva na França trouxe para os apaixonados por automobilismo. Além de todos os problemas que Shelby e Miles enfrentaram para construir o GT40. O que os produtores precisaram entender é que ao fazer um filme sobre corrida de carros, é o fato que grande parte dos espectadores não necessariamente está ali por conta da trama automobilística e sim pela parte humana que existe nela.


Ou seja, não adianta de nada ter um grande elenco de peso se os seus protagonistas não possuírem nenhuma química. Claro que aqui é diferente, já que a narrativa toda é sobre a interação entre Damon e Bale, e ela é construída em etapas: destacando primeiro o pavio curto de Miles e o pensamento prático de Shelby se confrontando em diversas ocasiões, mas sempre prevalecendo no final a amizade entre eles. Ou seja, o que acompanhamos em tela é um retrato de amizade e respeito entre ambos, e não uma caricatura de duas figuras existentes.


E é por conta dessa construção que o filme acaba se saindo vitorioso: Mangold e os roteiristas Jason Keller e Jez e John-Henry Butterworth conseguiram entender que essa história toda não iria prender a audiência em um longa-metragem relativamente longo – são exatos duas horas e trinta e dois minutos. Quem cumpre esse papel muito bem é as personalidades envolvidas em um dos momentos que marcaram para sempre a história das corridas.


Um outro trunfo é a edição de som, que pode ser lembrada em futuras premiações pelo seu trabalho técnico.


Ford vs Ferrari é um filme bastante interessante e envolvente, mesmo com a sua longa duração. Porém fica aquele gostinho de que o longa foi produzido exclusivamente para tentar uma chance na temporada de prêmios. Fora isso, é um filme para quem gosta e quem não gosta de automobilismo.


Nota: 8.0/10

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