O cinema independente brasileiro a cada ano que passa vem ganhando mais a atenção de uma nova parcela do público. Talvez por seus filmes fugirem daquele eixo padrão que estamos acostumados em longas nacionais ou por simplesmente retratarem a realidade de uma parcela brasileira. Seguindo a cartilha dos últimos lançamentos independentes, chegou aos cinemas nacionais na última quinta-feira um dos filmes mais comentados e polêmicos dos últimos anos, Aquarius.
Clara (Sonia Braga) tem 65 anos, é jornalista
aposentada, viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento localizado
na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua
vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por
uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio,
menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo,
Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.
Dirigido com uma maestria por Kleber Mendonça
Filho que até esquecemos os tropeços e até mesmo alguns equívocos cometidos
pelo diretor em sua estreia. Aqui Kleber consegue transitar de uma maneira tão
simples entre o terror, o drama, o suspense, as relações humanas em diversos níveis
de afeições e poderes, ao lado de um roteiro tão forte e intenso quanto crítico
acompanhados por uma trilha sonora arrebatadora ao som de: Gilberto Gil, Queen,
Roberto Carlos, Maria Bethânia, Reginaldo Rossi, entre outros.
Sonia Braga nos entrega seu melhor papel em um longa-metragem como há tempos não víamos. A veterana atriz de 66 anos está em um dos seus melhores momentos como atriz, sua personagem sabe caminhar entre a calma e a raiva de uma maneira tão soberba que fica quase impossível não ficar encantado pela atuação de Braga. Além disso a atriz volta a protagonizar cenas quentes que marcaram seu início de carreira sem nenhum pudor. Outro ator fundamental para o filme que se saí tão bem quanto a atriz, é Humberto Carrão, que faz sua estreia em um longa-metragem. Seu personagem Diego é um passivo-agressivo, que começa com muita calma, com voz mansa e quando menos esperamos ele já apresenta uma outra nuance, muito mais agressiva que poderíamos pensar.
Talvez o que mais incomode certa parte do público
é as cenas de sexo explícito, que surgem em cena às vezes sem ter a necessidade
de tê-las. Logo no início do longa somos apresentados por duas sequencias, que
sinceramente ficamos pensando: “Mas porque resolveram colocar uma cena dessas
em meio a comemoração de aniversário”. Mas de todas as cenas de sexo presente
no filme, a mais forte e mais brutal é a cena da festinha que rola em cima do
apartamento de Clara. O diretor não poupa close nos órgãos genitais dos atores,
além de nos apresentar uma cena um tanto quanto explicita.
Aquarius é uma obra importante para o cinema nacional,
mas infelizmente ele não é para todo o público. Mas se você comprar a ideia em
seus minutos iniciais, podemos dizer a vocês: Uma boa viagem a um dos novos
clássicos do cinema independente brasileiro. Agora caso você não embarque, saia
do cinema o quanto antes pois não será nada agradável essa viagem.
Nota: 7.0/10
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