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Crítica - O Escaravelho do Diabo



O cinema nacional nunca apostou em adaptações de histórias juvenis, geralmente quando eles lançam algum produto voltado para esse tipo de público, ou eles são muito infantis ou não consegue manter a atenção dos espectadores. No passado o Brasil apostava de uma maneira diferente nesse público, artistas como Xuxa, Angélica e Sandy & Junior foram responsáveis pelos últimos longas para adolescentes. Mas o cenário parece que está caminhando para uma mudança, com a chegada de O Escaravelho do Diabo

 
A pequena cidade de Vale das Flores é marcada por um crime surpreendente: o jovem Hugo Maltese (Cirillo Luna) é encontrado morto com uma antiga espada encravada no peito. O detalhe é que, antes de morrer, ele recebeu uma estranha caixa com um escaravelho dentro. Logo outra vítima é morta, após receber uma caixa semelhante. O delegado Pimentel (Marcos Caruso) e o garoto Alberto Maltese (Thiago Rossetti) começam a buscar este assassino em série, que escolhe seu alvo com uma característica em particular: são todas pessoas ruivas legítimas. 

 
Dirigido por Carlo Milani, o longa nacional marca a sua estreia na direção de um longa-metragem, depois de trabalhar em alguns projetos de televisão. O diretor consegue nos entregar um filme ágil, moderno e que sabe conversar diretamente com seu público alvo. 

 
O longa é uma adaptação do clássico da literatura juvenil brasileira de mesmo nome, da autora Lucia Vera de Almeida, cuja a primeira publicação ocorreu em 1955. Podemos dizer que o filme se mantém fiel em diversos momentos e em outros algumas situações são modificadas para se encaixar nos padrões atuais, afinal não teria como adaptar fielmente uma obra escrita há mais de 60 anos. Principalmente no último ato, onde ele soa muito artificial para um filme de suspense juvenil. Seria muito mais inteligente seguir o final do livro do que realmente dar um “novo final” digamos assim, para ser mais aceito pelo público. 

 
O elenco do filme é totalmente desconhecido e é nesse ponto que talvez ele mais tenha seus problemas. A começar pelo protagonista do longa, o jovem Thiago Rosseti, que faz a sua estreia como ator com o longa. O menino tem vários momentos bons como ruins, em determinadas partes cruciais a falta de experiência dele é bastante nítida pois há algo faltando para deixar comprável a atuação dele. 

 
A Bruna Cavalieri, que interpreta a antagonista do filme, diferente de Thiago, não consegue fazer um bom papel. Toda vez que ela surge em cena, o seu texto sai forçado, parecendo que ela não queria estar ali fazendo aquele papel. Sabemos que eles são crianças e que talvez eles não tivessem muita experiência com cinema quando foram selecionados. Mas um pouco de treinando, talvez mudasse todo o cenário e quem sabe poderíamos ter um resultado muito mais satisfatório.

 
O elenco adulto já traz nomes mais conhecidos como os de: Marcos Caruso (do péssimo Operações Especiais), Jonas Bloch (dos filmes Policarpo Quaresma: Herói do Brasil e Uma Aventura do Zico), Lourenço Mutarelli (do ótimo Que Horas Ela Volta e do suspense Quando Eu Era Vivo), Augusto Madeira (do inédito Nise – O Coração da Loucura e das fracas comédias Bem Casados e A Esperança É A Última Que Morre), Celso Frateschi (das novelas Êta Mundo Bom! e Escrito nas Estrelas e do filme Lula O Filho do Brasil), Ana Cecília Costa (do filme Capitães de Areia) e a veterana atriz Selma Egrei (dos longas Hoje Eu Quero Voltar Sozinho e Nosso Lar e das novelas Velho Chico e Sete Vidas). Os adultos por ter mais experiência em cinema e televisão conseguem se sair muito melhor, mesmo tendo suas exceções. 

 
Os dois destaques vão para Marcos Caruso e a atriz Selma Egrei, que interpretam respectivamente, o Delegado Pimentel e a Dona Dulce. Os dois estão muito bem em tela e compartilham de uma sintonia que consegue convencer quem está assistindo que eles vivem um casal da terceira idade que precisa enfrentar uma situação bastante complicada além dos assassinatos. Caruso, como sempre consegue roubar a cena toda vez que ele está presente em algum momento do longa. Suas falas vem sempre com aquele humor sarcástico que já conhecemos de outros longas e fica aquela sensação que o ator nasceu pra fazer esse tipo de papel. Além da ótima parceria com Selma, o ator se sai muito bem com o personagem do ator Augusto Madeira e também de Thiago, que sempre que está com o personagem de Caruso, ele consegue render diversos momentos interessantes. 

 
Talvez as duas únicas exceções do elenco adulto sejam os atores Jonas Bloch e Celso Frateschi, que quando surgem em tela parecem que estão pouco a vontade com tudo aquilo que está acontecendo e transformam as suas atuações em algo congelado, sem expressão alguma. 

 
Enfim, O Escaravelho do Diabo, pode ser considerado uma tentativa relativamente correta do cinema nacional tentar apostar nas adaptações para o público juvenil. Mas sabemos que se eles quiserem continuar com esse mercado, eles vão precisar percorrer um caminho árduo e bastante complicado, pois diferente dos Estados Unidos, o Brasil não possuí muitas obras voltadas para esse público e que sejam interessantes até certo ponto para serem adaptadas para o cinema. 

Nota: 7.0/10

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