Em Exibição nos Cinemas

Críticas

Crítica: Jojo Rabbit



Realizar filmes sobre a Segunda Guerra Mundial acabou se tornando algo bastante comum para a indústria cinematográfica, principalmente quando o assunto é o nazismo ou as atrocidades de Adolf Hitler. Porém com a chegada de Jojo Rabbit o assunto acaba ganhando um novo gás e foge completamente dos clichês dos demais, além de nos apresentar uma historia completamente autoral.




O filme conta a história de Jojo Betzel (Roman Griffin Davis), um jovem de dez anos vivendo na Alemanha durante o final da Segunda Guerra Mundial. Ele é tão fanático pelo regime nazista que chega ao cúmulo de ter como amigo imaginário o próprio Adolf Hitler, brilhantemente interpretado pelo próprio Taika Waititi (“Thor: Ragnarok”), diretor e roteirista da produção. E aí ele acaba passando por um grande conflito quando ele descobre que a própria mãe (Scarlett Johansson) está escondendo uma jovem judia nas paredes de sua casa.




Apesar de apresentar uma premissa bastante controversa, o neozelandês Waititi, também responsável pela direção e o roteiro (baseado no romance Caging Skies, de sua conterrânea Christine Leunens, prestes a ganhar a primeira edição brasileira, sob o título O Céu que nos Oprime), consegue nos entregar um filme totalmente engraçado, comovente e ao mesmo tempo, muito surpreendente. Boa parte disso, deve-se à sua habilidade de saber explorar muito bem os clichês com inteligência e sensibilidade.




Além disso o script consegue desarmar qualquer tipo de polêmica relacionada ao pensamento nazista, algo que podemos notar nas cenas do acampamento da Jungvolk e também na chegada do oficial da Gestapo, Deertz (Stephen Merchant). Fora que as interações entre Jojo e Adolf rendem os melhores momentos e também os mais engraçados do longa inteiro. Porém, mais do que uma simples piada, a manifestação da imaginação do garoto exerce uma grande e importante função narrativa: Jojo está dividido entre a fidelidade ao partido, o amor de sua família e a descoberta de um sentimento novo.




E é exatamente nesse ponto que mora o coração do filme. O roteiro assume sem medo algum a disposição de tornar-se uma fábula edificante, feel-good, além de costurar muito bem a terna, mas conflituosa relação entre o protagonista e sua mãe, Rosie (Scarlett Johansson) e depois, o seu fascínio por Elsa, até chegar no final agridoce que vai sendo anunciado a passos lentos durante todo o filme.


Além do roteiro ser genial, o carisma do elenco principal também contribui para que o filme se torne tão cativante. A começar por Roman Griffin Davis, que faz sua estreia nas telonas e já arranca aplausos de todos, Scarlett está em seu melhor momento e nos entrega uma perfomance radiante e cativante, e a jovem McKenzie, vai nos entregando uma atuação bastante alternada, de acordo com o que se passa com sua personagem.


O elenco de apoio também merece o destaque merecido, Sam Rockwell rouba a cena como Klenzendrf, capitão do exército alemão, Rebel Wilson, finalmente consegue divertir o público sem soar grotesca ou vulgar.


Como diretor, Waititi consegue ser uma versão bem menos amalucada de Wes Anderson, porém em outras ocasiões, acaba apelando de uma maneira bastante sarcástica a velhos chavões do gênero.


Jojo Rabbit é sem sombra de dúvidas uma surpresa bastante agradável e que vai agradar a todos. Você irá do riso às lágrimas num piscar de olhos e certamente, a mensagem final vai ficar por muito tempo depois que a sessão acabar.

Nota: 9.5/10

About Marcelo Rodrigues

0 Comments:

Postar um comentário

Em Breve nos Cinemas

Tecnologia do Blogger.